Equilíbrio Ácido-Base: Distúrbios e Interpretação Laboratorial
O equilíbrio ácido-base é um pilar primordial para a manutenção da vida e para o funcionamento preciso dos processos bioquímicos e fisiológicos. Nessa lógica, o pH, que reflete o balanço entre as formas ácidas e alcalinas nos fluidos corporais, deve ser rígidamente controlado dentro da faixa de 7,35 a 7,45.
Assim, a ocorrência de variações mesmo mínimas e que estejam fora desse intervalo podem comprometer a homeostase e desencadear disfunções metabólicas críticas.
Desse modo, a preservação desse equilíbrio é sustentada por três sistemas regulatórios que atuam de maneira coordenada e complementar:
- Sistemas tampões químicos (como o bicarbonato, proteínas e fosfatos), que oferecem resposta imediata;
- Sistema respiratório, modulando a eliminação de CO₂;
- Sistema renal, ajustando a excreção ou retenção de íons H⁺ e bicarbonato (HCO₃⁻) de forma mais duradoura.
Seguindo esse raciocínio, esses mecanismos são fundamentais porque o pH influencia diretamente a conformação de proteínas, a atividade de enzimas, a excitabilidade celular e a função de órgãos vitais como cérebro, pulmões e rins.
Portanto, o domínio dos princípios de regulação ácido-base é decisivo para a correta identificação dos distúrbios (acidose ou alcalose, de origem metabólica ou respiratória) e para a adoção de intervenções clínicas eficazes, assegurando a estabilidade fisiológica frente às agressões internas e externas.

DISTÚRBIOS METABÓLICOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE:
A correta interpretação dos distúrbios ácido-base exige a avaliação sistemática de três parâmetros primordiais dentre eles: pH (define acidemia ou alcalemia), pCO₂ (identifica alterações respiratórias), bem como HCO₃⁻ (identifica alterações metabólicas).
Acidose Metabólica
- Definição: Queda do pH (< 7,35) associada à redução primária do HCO₃⁻ (< 22 mEq/L).
- Compensação: Hiperventilação (queda da pCO₂).
- HCO₃⁻: Elemento central no diagnóstico.
As principais causas da acidose metabólica envolvem, especialmente, cetoacidose diabética (produção excessiva de corpos cetônicos), acidose láctica (hipoperfusão, choque, sepse), insuficiência renal (retenção de ácidos), diarreias severas (perda intestinal de bicarbonato) bem como a intoxicação por metanol ou etilenoglicol.
- Resumo laboratorial: ↓ pH | ↓ HCO₃⁻ | ↓ pCO₂ (compensação respiratória)
Alcalose Metabólica
- Definição: Elevação do pH (> 7,45) com aumento primário do HCO₃⁻ (> 26 mEq/L).
- Compensação: Hipoventilação (retenção de CO₂).
- HCO₃⁻: Parâmetro decisivo para o diagnóstico.
No caso da alcalose metabólica as causas observadas são, principalmente, vômitos ou aspiração gástrica (perda de H⁺), uso de diuréticos (especialmente tiazídicos ou de alça), hiperaldosteronismo primário (retenção de Na⁺ e perda de H⁺), síndrome de Cushing e a síndrome de Bartter.
- Resumo laboratorial: ↑ pH | ↑ HCO₃⁻ | ↑ pCO₂ (compensação respiratória)
DISTÚRBIOS RESPIRATÓRIOS DO EQUILÍBRIO ÁCIDO-BASE:
Acidose Respiratória
- Definição: Redução do pH (< 7,35) causada por elevação primária da pCO₂ (> 45 mmHg).
- Compensação: Aumento do HCO₃⁻ (em acidose respiratória crônica).
- HCO₃⁻: Normal na fase aguda, elevado na fase crônica.
Pode-se destacar como causas principais de acidose respiratória: doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), asma grave, depressão do sistema nervoso central (sedativos, opioides), fraqueza muscular respiratória (ex.: miastenia grave, síndrome de Guillain-Barré) e hipoventilação por obesidade grave (síndrome da hipoventilação da obesidade).
- Resumo laboratorial: ↓ pH | ↑ pCO₂ | (HCO₃⁻ normal ou ↑ se compensação crônica)
Alcalose Respiratória
- Definição: Elevação do pH (> 7,45) associada à redução primária da pCO₂ (< 35 mmHg).
- Compensação: Redução do HCO₃⁻ (se for crônica).
- HCO₃⁻: Normal na fase aguda, diminuído na fase crônica.
Na alcalose respiratória, tem-se a hiperventilação psicogênica (ansiedade, ataques de pânico), sepse grave (hiperventilação por estímulo inflamatório), trauma craniano (estímulo central à ventilação), hemorragia subaracnoidea e como também a hipóxia (altitude elevada, embolia pulmonar) sendo, portanto, estas as principais causas associadas a este distúrbio.
- Resumo laboratorial: ↑ pH | ↓ pCO₂ | (HCO₃⁻ normal ou ↓ se compensação crônica)

CONCLUSÃO
Em conclusão, sabe-se que analisar os resultados obtidos por meio dos exames laboratoriais como a gasometria arterial em situações de desequilíbrio ácido-base pode ser uma tarefa desafiadora até mesmo para profissionais que já possuem experiência, pois exige raciocínio clínico e laboratorial muito bem desenvolvido.
É crucial considerar o quadro geral do paciente a fim de identificar as causas e possíveis formas de correção. Ademais, a alterações no equilíbrio ácido-base estão frequentemente relacionadas a condições patológicas graves e por este motivo os analistas responsáveis por processar e realizar a interpretação do EAB (Exame de Ácido-Base) devem ter conhecimento profundo desses processos, especialmente em situações de urgência que exigem decisões rápidas para garantir a sobrevivência dos pacientes.
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Referências:
MOTTA, VALTER T. Eletrólitos e Água.
ASSIS, Luiza Liza de; SANTOS, Karen Alcântara Queiroz. Distúrbios do equilíbrio ácido-base. 2023.