Hemograma na Febre Maculosa

A febre maculosa é uma doença infecciosa, caracterizada por febre aguda e de gravidade variável. Ela é causada por uma bactéria do gênero Rickettsia. No artigo, exploraremos o papel do hemograma no diagnóstico e acompanhamento da febre maculosa, detalhando suas implicações clínicas.

Quais Bactérias Causam A Febre Maculosa?

A febre maculosa é desencadeada por duas espécies principais do gênero Rickettsia. Estas bactérias são responsáveis por diferentes formas da doença, que podem variar em intensidade. 


Rickettsia rickettsii: Esta bactéria é a principal responsável pela forma mais grave da doença, conhecida como Febre Maculosa Brasileira (FMB). Este tipo é geralmente mais agressivo e pode levar a complicações sérias se não tratado adequadamente.

Rickettsia parkeri: Por outro lado, esta espécie está associada a formas mais leves da febre maculosa, já os sintomas tendem a ser menos intensos, embora o acompanhamento ainda seja essencial.

Transmissão e Sintomatologia 

A febre maculosa, portanto, é transmitida pela picada de carrapatos do gênero Amblyomma, como o A. sculptum, popularmente conhecido como carrapato estrela.É importante destacar que, embora os carrapatos desse gênero sejam os principais vetores, qualquer tipo de carrapato pode atuar como transmissor da doença, inclusive aqueles que infestam cães. Para que a transmissão ocorra, é necessário que o carrapato permaneça fixado na pele da pessoa por, no mínimo, 4 horas.

Compreender a duração desse período de fixação é crucial, pois permite adotar medidas preventivas que podem significativamente reduzir a probabilidade de transmissão da febre maculosa. Nesse sentido, é fundamental que as pessoas estejam atentas ao tempo em que o carrapato permanece preso à pele, especialmente em áreas endêmicas da doença.

Imagem 1. Carrapato-estrela (Amblyomma cajennense) transmissor da febre maculosa

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br

Os sintomas iniciais da febre maculosa são frequentemente semelhantes aos de outras enfermidades, incluindo febre alta, dores no corpo, dor de cabeça, falta de apetite e sensação de desânimo. Por esse motivo, outras condições podem confundir os profissionais e, assim, tornar mais desafiador o diagnóstico precoce desses sintomas.

À medida que a doença evolui, surgem manchas avermelhadas na pele, que, com o tempo, crescem gradualmente e se tornam salientes. Ademais, essas manchas podem, ainda, evoluir para hemorragias subcutâneas, o que agrava o quadro clínico. Além disso, em estágios mais avançados, pode ocorrer gangrena nos dedos e nas orelhas, além de paralisia que se estende desde os membros até os pulmões, comprometendo funções vitais.

É importante destacar que esses sintomas geralmente se manifestam de sete a dez dias após a infecção. Portanto, a identificação precoce dos sinais iniciais é essencial para um tratamento eficaz, minimizando o risco de complicações graves.

O Papel Do Hemograma Na Febre Maculosa

Quando há suspeita de febre maculosa, o médico geralmente solicita o hemograma como exame complementar, a fim de auxiliar no diagnóstico. O hemograma pode revelar várias alterações, que fornecem pistas importantes sobre o quadro clínico da doença. Dentre as alterações mais comuns, destacam-se:


Plaquetopenia: A diminuição das plaquetas é um achado frequente, sendo um dos principais indicativos da febre maculosa. Esse dado é fundamental para o diagnóstico, pois a plaquetopenia pode ser um sinal precoce da infecção.

Leucócitos: Os valores de leucócitos podem variar, estando tanto diminuídos quanto normais ou aumentados. Além disso, em alguns casos, observa-se a presença de granulação grosseira e desvio à esquerda, o que, por sua vez, sugere uma resposta inflamatória mais intensa e pode indicar a gravidade da infecção.

Anemia: Outro sinal importante é a redução dos níveis de hemoglobina e hematócrito, o que caracteriza uma anemia. Além disso, essa condição é comum em diversas doenças infecciosas, incluindo a febre maculosa.

Essas alterações laboratoriais não são exclusivas da febre maculosa, mas ajudam a confirmar a suspeita clínica, tornando o hemograma um exame crucial para o diagnóstico e o acompanhamento da doença.

Imagem 2. Alterações hematológicas em lâmina

Exames Específicos Para Diagnóstico Da Patologia

Além do hemograma, que é um exame complementar fundamental, os profissionais também solicitam outros testes específicos para confirmar o diagnóstico da febre maculosa. Entre eles, destacam-se:

  • Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI): Este exame é utilizado para detectar a presença de anticorpos contra a bactéria Rickettsia, fornecendo uma evidência imunológica da infecção.
  • Exame de Imunohistoquímica: Usado para identificar antígenos bacterianos em amostras de tecido, esse exame pode ajudar a confirmar a presença da bactéria no organismo.
  • Técnicas de biologia molecular (PCR): A reação em cadeia da polimerase (PCR) é, portanto, uma técnica altamente sensível que permite detectar o material genético da bactéria Rickettsia, auxiliando, assim, no diagnóstico precoce e preciso.
  • Isolamento da bactéria: Embora menos comum, o isolamento da bactéria em cultura também pode ser realizado, embora seja mais complexo e nem sempre disponível.

Conclusão

Em suma, os exames complementares, como o hemograma, são essenciais na suspeita de febre maculosa, permitindo a detecção precoce e o início imediato do tratamento adequado. Além disso, a rapidez na realização dos exames é fundamental para garantir o melhor resultado para o paciente, contribuindo para que ele se recupere com mais eficiência. Portanto, caso haja suspeita dessa doença ou qualquer outra condição médica, é crucial buscar atendimento médico o mais breve possível.

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Referências:

FIOL, Fernando de Sá Del et al. A febre maculosa no Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 27, p. 461-466, 2010.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Roteiro para Capacitação em Febre Maculosa para Instrutores. Brasília: Ministério da Saúde, [2022]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/roteiro_capacitacao_febre_maculosa_instrutor.pdf. 

MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Febre Maculosa. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/febre maculosa#:~:text=A%20febre%20maculosa%20%C3%A9%20uma,transmitida%20pela%20picada%20do%20carrapato