ÁGUA REAGENTE PARA O LABORATÓRIO CLÍNICO
A água de grau reagente (AGR) é um componente crucial no laboratório clínico, sendo utilizada na realização de análises em praticamente todos os setores. As propriedades físico-químicas conferem à água uma versatilidade única, tornando-a indispensável no laboratório, tanto na preparação de soluções como na execução de diferentes procedimentos analíticos.
A qualidade da água utilizada impacta diretamente a exatidão e a confiabilidade dos resultados, uma vez que impurezas e contaminantes podem comprometer a especificidade dos métodos e causar falhas nos equipamentos analíticos.
De acordo com a Resolução RDC 786/2023, os laboratórios clínicos devem seguir normas rigorosas para garantir a qualidade da água reagente. É imprescindível que ela possua alta resistividade, ausência de compostos orgânicos, partículas e microrganismos, atendendo a critérios de pureza que asseguram a precisão dos exames realizados.
A implementação de tecnologias de purificação, com sistemas validados e qualificados, é essencial para garantir que a água seja adequada, minimizando riscos e assegurando a qualidade analítica.
APLICAÇÕES DA ÁGUA REAGENTE:
- Gerais: Útil na reconstituição de reagentes, preparações de soluções, lavagem de alguns utensílios e como consumível de diversos analisadores automatizados.
- Colorações e preparo de corantes: Um exemplo prático é na coloração microbiológica como Gram.
- Processamento de amostras em parasitologia: Utilizada em técnicas de sedimentação para Exames Parasitológico de Fezes (EPF).
- Meios de cultura: A água é utilizada no preparo de diversos meios de cultura usados em microbiologia.
- Biologia molecular: A água deve estar livre de endotoxinas e enzimas como RNases e DNases para evitar resultados errôneos nas análises, com a ultrafiltração sendo o método preferido para remoção desses contaminantes.
- Setor de Bioquímica: As análises que utilizam eletrodos íon seletivos requerem água com baixa condutividade e alta resistividade. Bem como a dosagem de alguns metais requer água de alta pureza e livre de íons.
- Automação laboratorial: A água precisa estar livre de partículas para evitar obstrução nos sistemas de analisadores automatizados.
Os métodos mais comuns de purificação da água incluem destilação, osmose reversa, deionização, filtração, ultrafiltração e esterilização por ultravioleta.
É válido ressaltar que é imprescindível que o laboratório realize o controle de qualidade da água e registre todos os processos.
QUALIDADE DA ÁGUA REAGENTE:
- Controle da condutividade e/ou resistividade: geralmente é fornecido pelo próprio equipamento e deve ser monitorado diariamente de acordo com o valor de referência do fabricante.
- Condutivímetro e/ou Resistivímetro devem ser devidamente calibrados.
- Controle microbiológico: Avaliação da presença de bactérias heterotróficas, atualmente existem kits que facilitam essa análise. A periodicidade deve ser definida com a equipe de qualidade, sendo recomendável no mínimo uma vez por semana e o ideal de 2 a 3x.
- Seguir as instruções do fabricante quanto as manutenções diárias, mensais, semanais ou anuais do seu equipamento de purificação de água.
Melhor que conhecer as ferramentas de gestão da qualidade, é saber implementar no seu laboratório!
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Referências:
Recomendações da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML): boas práticas em laboratório clínico. 1. ed. Manole. Barueri, SP. 2020.
Controle de Qualidade para Laboratórios (CONTROLLAB). Boletim Qualifique: Água pura e indispensável. Disponível em: <https://controllab.com/wp-content/uploads/qualifique_47.pdf>. Acesso em 19 Dez. 2024.
Controle de Qualidade para Laboratórios (CONTROLLAB). Recomendações do Controle de Qualidade para Laboratórios: Gestão da Fase Analítica do Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. 1a. ed. VII. Manole. Rio de Janeiro, RJ. 2011.
MENDES, Maria Elizabete et al. A importância da qualidade da água reagente no laboratório clínico. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 47, p. 217-223, 2011.