ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS NA INFECÇÃO PELO HIV

A infecção pelo HIV provoca alterações significativas na medula óssea e na produção de células sanguíneas, refletindo-se em diversas manifestações hematológicas. Essas alterações podem ser diretas, decorrentes da ação do vírus sobre os precursores celulares, ou indiretas, por meio de infecções oportunistas e efeitos adversos de medicamentos.

1) Anemia:

A anemia é uma manifestação comum e multifatorial na infecção pelo HIV. Entre as causas estão:

  • Disfunção da medula óssea: que resulta em uma eritropoiese ineficaz;
  • Deficiência de vitamina B₁₂: muitas vezes associada a problemas de absorção;
  • Efeitos adversos de medicamentos: como a zidovudina, que pode levar a macrocitose e pancitopenia;
  • Resposta inflamatória crônica: contribuindo para o quadro de anemia da doença crônica.

Em alguns casos, o uso de eritropoetina recombinante ou transfusões sanguíneas pode ser necessário para o manejo da anemia.

2) Neutropenia:

A neutropenia ocorre tanto em pacientes assintomáticos quanto em estágios avançados da infecção, e seus mecanismos incluem:

  • Diminuição das CFU-GM (Unidade Formadora de Colônias de Granulócitos e Macrófagos): afetando a produção de neutrófilos; 
  • Redução do G-CSF (Fator Estimulador de Colônias de Granulócitos): comprometendo a maturação dos neutrófilos;
  • Disfunção e alterações tóxicas/displásicas dos neutrófilos: que podem aumentar a vulnerabilidade a infecções bacterianas.

A gravidade da neutropenia está diretamente relacionada ao risco de infecções, sendo essencial o monitoramento regular do hemograma.

3) Trombocitopenia:

A trombocitopenia afeta cerca de 40% dos pacientes com HIV e pode ser a manifestação hematológica inicial. Os mecanismos envolvidos são:

  • Destruição imunológica das plaquetas: mediada por anticorpos antiplaquetários;
  • Comprometimento da produção: devido à infecção direta dos megacariócitos pelo HIV.

A presença de microplaquetas é frequente, indicando uma trombocitopoese ineficaz, e, em casos raros, pode ocorrer púrpura trombocitopênica trombótica (PTT).

Alterações do hemograma na fase aguda e crônica do HIV:

  • Fase aguda: O hemograma pode assemelhar-se ao da mononucleose infecciosa, embora com um número menor de linfócitos atípicos;
  • Fase crônica: Durante a infecção latente, pode haver trombocitopenia isolada e, à medida que a doença progride, ocorre uma queda progressiva na contagem de linfócitos CD4+. Inicialmente, essa diminuição pode ser mascarada por um aumento compensatório dos linfócitos CD8+ (frequentemente atípicos). Nos estágios avançados, pode haver desenvolvimento de pancitopenia, com alterações na atividade enzimática (como peroxidase) dos neutrófilos e mudanças na densidade nuclear evidenciadas por exames automatizados.

Efeitos adversos de medicamentos:

Além dos efeitos diretos do HIV, alguns medicamentos utilizados no tratamento podem agravar as alterações hematológicas:

  • Zidovudina: associada a macrocitose, anemia e pancitopenia;
  • Ganciclovir: pode causar neutropenia;
  • Dapsona: tem potencial para induzir anemia hemolítica devido à sua ação oxidante.

Diagnóstico diferencial e exames complementares para o HIV:

O diagnóstico das alterações hematológicas deve considerar quadros que podem mimetizar as alterações, tais como:

  • Síndromes mielodisplásicas;
  • Mononucleose infecciosa;
  • Púrpura trombocitopênica idiopática (PTI);
  • Aplasia eritroide pura, que pode estar associada ao parvovírus B19.

Assim, além da detecção sorológica de anticorpos anti-HIV, a investigação pode incluir testes para DNA do parvovírus B19 em casos suspeitos.

As alterações hematológicas na infecção pelo HIV representam desafios significativos para o manejo clínico dos pacientes, impactando diretamente a produção e a função das células sanguíneas. O monitoramento regular do hemograma, aliado à investigação de causas multifatoriais – desde a ação direta do vírus até os efeitos adversos dos medicamentos –  é fundamental para o diagnóstico precoce, manejo adequado das complicações e melhora da qualidade de vida dos pacientes.

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Referências:

SILVA, Paulo Henrique da et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

HOFFBRAND, A. Victor; MOSS, Paul A. H. Fundamentos em hematologia. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

BAIN, Barbara J. Células sanguíneas: um guia prático. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007.