Alzheimer e Peptídeo Beta-Amiloide
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa progressiva que afeta predominantemente pessoas idosas, sendo a principal causa de demência é considerada a patologia neurodegenerativa de maior prevalência. Caracteriza-se por perda de memória, dificuldades cognitivas e alterações comportamentais.
A patologia é irreversível, tornando os tratamentos disponíveis apenas paliativos, aliviando temporariamente os sintomas e melhorando modestamente a qualidade de vida dos pacientes. Não se consegue, no entanto, impedir ou retardar o avanço da doença, o que reforça a necessidade de maiores investimentos no estudo de seus mecanismos para possibilitar a descoberta de novas abordagens terapêuticas. Intervenções que atuem em conjunto com o diagnóstico precoce, ainda na fase assintomática, são essenciais para melhorar o prognóstico e aumentar a expectativa de vida dos pacientes.
A doença de Alzheimer está associada à degeneração neuronal e à formação de placas de proteína beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares de proteína tau no cérebro, os quais resultam em morte celular e redução do volume cerebral.
Comparação entre cérebro saudável é acometido pela doença de Alzheimer. Fonte: OLIVEIRA JÚNIOR, Pedro Paulo de Magalhães (2008)
Os primeiros sinais incluem esquecimentos leves e dificuldade em lembrar eventos recentes. Com o tempo, os sintomas se agravam, afetando a capacidade de tarefas diárias, a comunicação e até o controle motor. Em casos avançados, o paciente perde a capacidade de cuidar de si mesmo e pode sofrer de confusão severa, mudanças de personalidade e desorientação.
A proteína beta-amiloide
A proteína beta-amiloide é derivada da clivagem da proteína precursora amiloide (PPA), uma glicoproteína transmembranar localizada nas membranas neurais, envolvida na neuroplasticidade e proteção contra infecções. A clivagem da PPA pode ocorrer por duas vias metabólicas distintas:
- Na via não amiloidogênica, a PPA é clivada pela enzima α-secretase, gerando um peptídeo solúvel, com função neuroprotetora.
- Na via amiloidogênica, a clivagem é mediada pelas enzimas β-secretase e γ-secretase, resultando em peptídeos de 40 ou 42 aminoácidos, instáveis e propensos à agregação.
Essa clivagem anormal da PPA leva à formação de placas amiloides, que se acumulam no cérebro, interferindo na comunicação sináptica, induzindo processos inflamatórios e culminando na morte neuronal.
Diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce da doença de Alzheimer é crucial para melhorar o manejo e a qualidade de vida dos pacientes. Identificar a doença em seus estágios iniciais permite intervenções terapêuticas mais precoces, que podem retardar a progressão dos sintomas e proporcionar maior tempo de independência e funcionalidade ao paciente.
Por décadas, o diagnóstico do Alzheimer foi baseado em avaliações clínicas, com confirmação pós-morte através de análise histológica. Contudo, os avanços da pesquisa biomédica possibilitaram o desenvolvimento de técnicas diagnósticas menos invasivas, como os testes sorológicos baseados em biomarcadores.
A detecção da beta-amiloide e de outros marcadores, como a proteína tau, inicialmente dependia de exames como a tomografia por emissão de pósitrons (PET) e a análise do líquido cefalorraquidiano (LCR). Todavia, além de serem métodos caros e invasivos, há uma crescente busca por alternativas mais acessíveis e menos invasivas. A medição da concentração de fragmentos de beta-amiloide no plasma tem se mostrado promissora na identificação de indivíduos em estágios pré-clínicos da doença, embora esses níveis sejam menos precisos do que os encontrados no LCR.
Mecanismos de toxicidade
O acúmulo de peptídeos beta-amiloide, seja por aumento na produção ou pela falha na remoção, desencadeia uma cascata de eventos neurotóxicos. Estes incluem disfunção mitocondrial, aumento do estresse oxidativo, inflamação neural inadequada e neurotoxicidade, resultando na degeneração cerebral.
Conclusão
A doença de Alzheimer é uma condição complexa com alta taxa de mortalidade. Sua etiologia exata ainda não é completamente compreendida, mas sabe-se que vários fatores genéticos e ambientais estão envolvidos no seu desenvolvimento, seja de forma esporádica ou familiar. Esses fatores também influenciam a progressão da doença, que culmina em degeneração cortical severa, demência e morte.
O aumento das concentrações de beta-amiloide no LCR, assim como sua visualização por imagem de PET, está fortemente associado à formação de placas amiloides no cérebro. Esses níveis elevados são frequentemente correlacionados com o surgimento dos primeiros sintomas clínicos do Alzheimer, como perda de memória e declínio cognitivo. A beta-amiloide, portanto, pode ser detectada muito antes do aparecimento dos sintomas clínicos, permitindo intervenções terapêuticas mais eficazes nas fases iniciais da doença.
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Referências
DA SILVA, Yasmin Jawhari; LESSA, Ruan Teixeira; DE ARAUJO, Guilherme Neumann. Avanços no diagnóstico precoce da Doença de Alzheimer e novas perspectivas de tratamento: uma revisão sistemática da literatura. Brazilian Journal of Health Review, v. 4, n. 3, p. 10121-10135, 2021.
GUIX, José L. Molinuevo. Papel de los biomarcadores en el diagnóstico precoz de la enfermedad de Alzheimer. Revista Española de Geriatría y Gerontología, v. 46, p. 39-41, 2011.