ANEMIAS NUTRICIONAIS

ANEMIAS NUTRICIONAIS

As anemias nutricionais são caracterizadas pela diminuição ou disfunção da hemoglobina (Hb) por unidade de volume de sangue, decorrente da deficiência de algum nutriente essencial para hematoese eritrocítica. As anemias não devem ser vistas como um diagnóstico definitivo, e sim como um achado laboratorial que necessita de investigação etiopatogênica.

Deficiência de Ferro

A anemia ferropriva é a forma mais comum de anemia em todo o mundo e resulta da deficiência de ferro no organismo. A medula óssea é o tecido humano que mais consome ferro, pois produz os eritrócitos. Estes, com 95% do seu volume ocupado pela hemoglobina, abrigam a maior parte do ferro corporal. O ferro é um componente essencial da hemoglobina, a proteína transportadora de oxigênio. Sem ferro suficiente, o corpo não pode produzir hemoglobina adequadamente, resultando em sintomas de anemia.

Metabolismo do Ferro

  • Absorção: Cerca de 1 a 2 mg de ferro são absorvidos diariamente da dieta, a mesma quantidade que se perde por descamação ou menstruação. A absorção ocorre principalmente no duodeno.
  • Ingestão: O ferro nos alimentos existe como ferro heme (Fe²⁺), presente em carnes vermelhas e de fácil absorção, e ferro não heme (Fe³⁺), presente em verduras, grãos e cereais, cuja absorção depende de sua conversão para Fe²⁺ pelo pH ácido do estômago.
  • Transporte: O ferro absorvido é exportado pela ferroportina, cuja atividade é regulada pela hepcidina. No plasma, o ferro é transportado pela transferrina, cuja síntese é inversamente proporcional ao estoque de ferro.
  • Distribuição Corporal: O corpo humano contém aproximadamente 40 a 50 mg de ferro por kg de peso. A maior parte está na hemoglobina, com o restante armazenado nas proteínas ferritina e hemossiderina no fígado, baço e medula óssea. O ferro é perdido principalmente pela descamação celular e menstruação, sem uma via específica de excreção.

Alterações laboratoriais na Anemia ferropriva

No hemograma, podem ser observadas hipocromia, microcitose (diminuição do VCM), anisocitose (aumento do índice de anisocitose, RDW), poiquilocitose e plaquetose. O número de reticulócitos, como em qualquer outra anemia hipoproliferativa, está reduzido. A dosagem de ferritina sérica, que avalia os estoques corporais de ferro, é especialmente útil quando os valores são baixos, sendo que níveis abaixo de 15 ng/mL em adultos indicam deficiência de ferro. A saturação da transferrina (calculada pela relação entre o ferro sérico e a capacidade ferropéxica total) indica a quantidade de ferro disponível para a eritropoiese, independentemente dos estoques de ferro. Um índice de saturação de transferrina abaixo de 15% é considerado indicativo de ferropenia.

ANEMIAS NUTRICIONAIS
Lâmina de paciente com anemia ferropriva. Fonte: Cellwiki

Deficiência Vitamina B12 e Ácido Fólico

A anemia por deficiência de vitamina B12 e ácido fólico é caracterizada pela produção de células sanguíneas anormalmente grandes devido à falta dessas vitaminas. Dentre as funções mais importantes da vitamina B12 e do ácido fólico, destacam-se suas participações na síntese do DNA e, portanto, no processo de divisão celular.

ANEMIAS NUTRICIONAIS
Participação das vitaminas B12 e do ácido fólico no processo de divisão celular. Fonte :Academia de Ciência e Tecnologia (ACeT)

As principais causas de deficiência de vitamina B12 são:

  • Dieta inadequada: A vitamina B12 é encontrada principalmente em produtos de origem animal. Vegetarianos estritos e veganos estão em maior risco de desenvolver deficiência.
  • Má absorção: Condições como gastrite atrófica, doença celíaca, doença de Crohn e a cirurgia bariátrica podem interferir na absorção de vitamina B12.
  • Anemia perniciosa: Uma doença autoimune que afeta o fator intrínseco no estômago, essencial para a absorção de vitamina B12.

Alterações Laboratoriais

No hemograma, a série vermelha apresenta macrocitose, anisocitose e poiquilocitose, podendo haver alterações em outras séries sanguíneas, como leucopenia, plaquetopenia ou mesmo pancitopenia. Nos leucócitos, é comum a presença de neutrófilos grandes e hipersegmentado (3% ou mais de neutrófilos com 5 lobos ou pelo menos um neutrófilo com mais de 6 lobos). Outras alterações laboratoriais comuns são: aumento de bilirrubina indireta, DHL alto, devido à eritropoiese ineficaz.

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Lâmina de Anemia Megaloblástica com megaloblastos e neutrófilos hipersegmentados. Fonte: CellWiki

Em resumo, as anemias carenciais são as principais anemias que afetam a população mundial. Estar preparado frente às alterações laboratoriais nesses casos é muito importante. Ao revisar o histórico clínico, o analista pode identificar fatores de risco, como dieta inadequada, condições médicas subjacentes ou uso de medicamentos que possam contribuir para deficiências de ferro ou vitaminas essenciais, como a B12 e o ácido fólico. 

Além disso, compreender o histórico clínico do paciente permite uma abordagem mais personalizada para o tratamento, levando em consideração a idade, o sexo, o estado nutricional e outras condições de saúde que possam influenciar a resposta ao tratamento. Portanto, ao avaliar pacientes com anemias carenciais, é fundamental realizar uma avaliação abrangente do histórico médico, incluindo informações sobre dieta, sintomas prévios, cirurgias, condições médicas crônicas e uso de medicamentos, para garantir um diagnóstico preciso e um plano de tratamento eficaz, visando a recuperação e o bem-estar do paciente.

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Referências
NAOUM, Flávio Augusto. Doenças que alteram os exames hematológicos. 2. ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.

DE FREITAS DUTRA, Valéria; FIGUEIREDO, Maria Stella. Anemias carenciais.

CAMPOS, Mirelle Guimarães Vaz de; FERMINO, Fabiana Aidar; FIGUEIREDO, Maria Stella. Anemias carenciais. RBM Revista Brasileira de Medicina, p. 41-44, 2001.