Ansiedade e depressão: Exames laboratoriais podem ajudar?
A depressão e a ansiedade são transtornos mentais que afetam uma parcela significativa da população, e sua prevalência tem aumentado, especialmente entre os adolescentes. De acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde, transtornos mentais podem ser responsáveis por até 16% das doenças em adolescentes em todo o mundo. O diagnóstico e o tratamento adequado são necessários para melhorar a qualidade de vida desses jovens. Neste contexto, biomarcadores emergem como uma promissora ferramenta de diagnóstico e tratamento.
O Papel dos Biomarcadores
Biomarcadores são parâmetros biológicos mensuráveis que permitem avaliar o metabolismo ou a presença de doenças em um paciente. No contexto da depressão e da ansiedade, eles podem auxiliar na identificação, diagnóstico e tratamento desses transtornos. Enquanto o diagnóstico tradicional é baseado na sintomatologia do paciente, os biomarcadores oferecem uma abordagem mais objetiva.
A Promessa dos Biomarcadores
É importante destacar que nenhum biomarcador isolado pode diagnosticar tanto a depressão quanto a ansiedade. No entanto, a possibilidade de combinar vários biomarcadores com o diagnóstico psicológico oferece uma perspectiva promissora. Essa abordagem multidisciplinar pode melhorar a precisão do diagnóstico e abrir portas para tratamentos mais eficazes.
Principais Biomarcadores para Ansiedade e Depressão
Os biomarcadores identificados como mais relevantes incluem:
- Níveis de cortisol: O cortisol é um hormônio relacionado ao estresse, e seu desequilíbrio pode estar ligado a transtornos de ansiedade.
- Níveis de neurotransmissores: Alterações nos níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina estão associadas à depressão.
- Marcadores inflamatórios: A inflamação sistêmica se correlaciona com sintomas da depressão, como a fadiga, problemas com sono, variação de humor e por isso tem sido associada à depressão.
- Fatores genéticos: Algumas variantes genéticas podem aumentar a predisposição a transtornos mentais, como por exemplo o gene 5-HTTLPR que pode estar relacionado a uma diminuição na expressão do transportador de serotonina no neurônio.
- Níveis de BDNF: O fator neurotrófico derivado do cérebro (BDNF) desempenha um papel na neuroplasticidade e está relacionado à depressão. Alguns estudos mostram que os níveis de BDNF estão elevados em pacientes com episódios agudos de depressão e se encontram em níveis normais casos de remissão da doença.
- Hormônios sexuais: Alterações nos níveis de hormônios sexuais, como estrogênio e testosterona, podem afetar o risco de depressão em adolescentes.
- Marcadores do sistema imunológico: Citocinas inflamatórias como TNF-a, IL-1b, INF, IL-6 e outros marcadores imunológicos estão sendo investigados em relação à depressão, pois, esses marcadores são capazes de reduzir a conversão de serotonina.
A identificação e uso de biomarcadores para avaliar a depressão e a ansiedade na adolescência representam um campo de pesquisa promissor. Embora nenhum biomarcador isolado possa diagnosticar esses transtornos, a combinação de vários deles, juntamente com o diagnóstico psicológico, pode oferecer uma abordagem mais precisa e eficaz. A utilização de exames laboratoriais como complemento ao diagnóstico psicológico abre portas para um futuro em que a detecção precoce e o tratamento personalizado se tornem mais acessíveis e eficazes.
O entendimento dos biomarcadores é um passo importante na melhoria do diagnóstico e tratamento da depressão e ansiedade na adolescência, contribuindo para uma melhor qualidade de vida e bem-estar dos jovens afetados por esses transtornos.
Referências
SILVA, Andressa Bernardo e GRANDO, Allyne Cristina. PRINCIPAIS BIOMARCADORES NO AUXÍLIO DO DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO E ANSIEDADE NA ADOLESCÊNCIA: REVISÃO DE LITERATURA. Revista Newslab, Edição 176 páginas 35-64, Março 2023. Disponível em: https://www.yumpu.com/pt/document/read/67684401/revista-newslab-edicao-176. Acesso em: 29 set. 2023.