CONTROLE DE QUALIDADE PARA MEIOS DE CULTURA
Nos laboratórios de microbiologia clínica, os meios de cultura representam os insumos mais utilizados, sendo fundamentais para o crescimento e identificação de microorganismos presentes em amostras biológicas.
É crucial que o controle da qualidade dos meios de cultura seja realizado de forma contínua, uma vez que as análises microbiológicas são extremamente sensíveis. Qualquer interferência pode resultar em falhas no crescimento de microorganismos ou contaminações comprometendo a validade dos resultados.
Atualmente existem uma ampla variedade de meios, podendo ser líquidos ou sólidos. Entre os meios mais encontrados nos laboratórios de microbiologia, destacam-se o Ágar Sangue, Ágar Chocolate, Ágar MacConkey, Ágar Salmonela-Shigella, Ágar Hecktoen Enteric e Ágar Thayer Martin Modificado. Cada um deles tem características distintas que os tornam específicos para o cultivo de diferentes grupos de microorganismos.
Embora alguns laboratórios de pequeno porte ainda produzam seus próprios meios de cultura, é crescente a utilização de meios prontos para o uso, fornecidos por empresas especializadas e regulamentadas. Essas empresas, com processos de produção controlados, realizam análises de qualidade para garantir que seus produtos atendam aos padrões exigidos. No entanto, mesmo com o rigoroso controle de qualidade das indústrias fabricantes, é imprescindível que o laboratório mantenha um sistema de controle interno eficiente. Isso se deve ao fato de que, durante o armazenamento e transporte dos meios até o laboratório de destino, podem ocorrer contaminações ou alterações nas condições ideais, comprometendo a integridade e eficácia dos meios de cultura.
COMO GARANTIR A QUALIDADE DOS MEIOS:
Para garantir a confiabilidade dos meios comerciais, é essencial realizar um processo de validação rigoroso. Essa avaliação deve incluir o cultivo de cepas bacterianas conhecidas, preferencialmente provenientes de coleções reconhecidas como a ATCC (American Type Culture Collection), para assegurar que os meios de cultura proporcionem as condições ideais para o crescimento dos microrganismos esperados. A validação deve ser conduzida de forma sistemática e padronizada, em colaboração com a equipe responsável pela qualidade do laboratório, a fim de garantir que os meios atendam aos requisitos para uso.
Uma abordagem eficiente na validação dos meios de cultura é a divisão das placas em dois grupos: placas positivas, nas quais serão semeadas as cepas bacterianas, e placas negativas, que não são semeadas, permitindo testar a esterilidade dos meios. Após a incubação, é crucial observar se as placas negativas permanecem sem crescimento, indicando que os meios estão efetivamente esterilizados e se as placas positivas tiveram o crescimento esperado. A quantidade de placas utilizadas e as cepas utilizadas em cada meio devem ser definidas junto à equipe de qualidade.
Exemplos de cepas que podem ser utilizadas para a validação de meios de cultura:
- Escherichia coli ATCC 25922
- Staphylococcus aureus ATCC 25923
- Staphylococcus epidermidis ATCC 12228
- Klebsiella pneumoniae ATCC 13883
- Enterococcus faecalis ATCC 29212
- Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853
- Streptococcus pneumoniae ATCC 33400
- Streptococcus pyogenes ATCC 19615
Para o controle de qualidade em meios de cultura produzidos no próprio laboratório, também é possível realizar tanto o teste de esterilidade quanto o teste de crescimento com cepas conhecidas. O teste de esterilidade verifica se o meio está livre de contaminações, incubando o meio sem inóculo e observando a ausência de crescimento microbiano. Já o teste de crescimento consiste em semear cepas bacterianas previamente conhecidas, lembrando que, dependendo do tipo de meio, é necessário cultivar tanto uma bactéria Gram-positiva quanto uma Gram-negativa para avaliar o crescimento.
Importante ressaltar que é essencial registrar todos os resultados em formulários apropriados para garantir a rastreabilidade dos procedimentos. Resultados fora dos padrões devem ser imediatamente notificados ao supervisor, que deve avaliar e, se necessário, tomar as ações corretivas para assegurar a qualidade.
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Referências:
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MARTINS, André; DOS SANTOS, Elaine Maria. CONTROLE DA QUALIDADE NA FASE ANALÍTICA EM LABORATÓRIOS DE MICROBIOLOGIA MÉDICA DA REGIÃO CENTRO-SUL DO PARANÁ. Varia Scientia-Ciências da Saúde, v. 5, n. 1, p. 49-58, 2019.
TORTORA, Gerard J.; CASE, Christine L.; FUNKE, Berdell R. Microbiologia-12ª Edição. Artmed Editora, 2016.
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