CONTROLE INTERNO DE QUALIDADE EM PARASITOLOGIA

O setor de parasitologia no laboratório de análises clínicas é importantíssimo para a detecção de infecções parasitárias, destacando-se pela realização de exames como o parasitológico de fezes (EPF), coprológico funcional e testes complementares relacionados à identificação de protozoários, helmintos e outros agentes infecciosos.

A área exige uma abordagem operacional detalhada baseada predominantemente em técnicas manuais. Essa característica torna indispensável o treinamento técnico contínuo dos profissionais envolvidos e a implementação de sistemas de gestão da qualidade que garantam a confiabilidade e a precisão diagnóstica.

Ovos de Enterobius vermicularis em amostra de fezes. 

A integração de práticas de controle interno de qualidade em parasitologia deve abranger desde a padronização de procedimentos pré-analíticos como a coleta das amostras até o monitoramento das etapas analíticas e pós-analíticas. 

Devido à alta demanda por amostras fecais nesse setor, é comum que muitos laboratórios utilizem controles internos considerados “caseiros” e não comerciais, os quais são desenvolvidos internamente para monitorar a qualidade dos exames. Dessa forma, ferramentas como o simples cego, o duplo cego são bastante empregadas nesse setor.

SIMPLES CEGO:

O controle simples cego é uma ferramenta eficaz para monitorar todos os processos, utilizando amostras preservadas com resultados esperados. O material de referência é inserido na rotina como uma amostra fictícia, rastreando todas as etapas, desde a identificação até os resultados obtidos e os responsáveis pelo processo. Essa técnica avalia a consistência do fluxo laboratorial e a repetibilidade dos resultados, garantindo maior confiabilidade na emissão de laudos.

DUPLO CEGO:

O controle duplo cego é amplamente utilizado para avaliar tanto a repetibilidade de resultados por um mesmo analista quanto a reprodutibilidade entre analistas. Nele as amostras fecais escolhidas na rotina são aliquotadas, recebem uma nova identificação e são reintroduzidas como uma amostra fictícia. Se o controle for entre analistas, cada um deve realizar a leitura de uma alíquota sem ter conhecimento prévio do resultado do outro profissional. Esse método é um dos mais utilizados no controle interno de qualidade em parasitologia.

Todas as etapas devem ser rastreadas e registradas garantindo a confiabilidade do processo. Para maior eficácia, deve-se definir a porcentagem de lâminas separadas para controle e os critérios de seleção das amostras, priorizando casos raros ou de maior complexidade, adaptados às necessidades do laboratório.

ANÁLISE DOS RESULTADOS DO CONTROLE:

O profissional responsável pelo setor de qualidade deve monitorar os resultados dos controles internos e avaliar sua aprovação utilizando cálculos e técnicas estatísticas, essenciais para o tratamento periódico dos dados. 

Entre as ferramentas utilizadas estão: 

(1) Estatística Kappa, que compara os resultados entre dois microscopistas, equipamentos ou metodologias, fornecendo uma medida do grau de concordância; 

(2) Correlação Linear de Pearson, que verifica a correlação entre os resultados de diferentes leituras ou microscopistas; 

(3) Estatística de Chauvenet, que identifica valores discrepantes (outliers) em um conjunto de resultados;

(4) Estudo de repetitividade e reprodutibilidade, que avalia o desempenho dos microscopistas nas análises quantitativas (contagens). 

Lembrando que é fundamental registrar todas as ações de controle de qualidade, garantindo a rastreabilidade completa, incluindo seleção do material, identificação das amostras, data, método, resultados e conclusões. 

Quando há resultados divergentes, deve-se revisar os critérios, realizar ações de controle adicionais e adotar correções necessárias, sempre com registros alinhados ao sistema de gestão da qualidade.

Melhor que conhecer as ferramentas de gestão da qualidade, é saber implementar no seu laboratório!

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Referências:

Controle de Qualidade para Laboratórios (CONTROLLAB). Recomendações do Controle de Qualidade para Laboratórios: Gestão da Fase Analítica do Laboratório: como assegurar a qualidade na prática. 1a. ed. VIII. Manole. Rio de Janeiro, RJ. 2012.

GONÇALVES, E. M. N.; CASTILHO, V. L. P. Controle de Qualidade em Parasitologia Clínica. In: Parasitologia Clínica – Seleção de Métodos e Técnicas de Laboratório para o Diagnóstico das Parasitoses Humanas. 2ª edição. Editora Atheneu, São Paulo. 2007.

SOUZA, R. F.; AMOR, A. L. M. Controle de qualidade de técnicas realizadas nos laboratórios de parasitologia da Secretaria Municipal. RBAC, v. 42, n. 2, p. 101-106, 2010.

ROSSI P. Diagnostic kits in parasitology: which controls? Parasitologia. 46 (1-2):145-149, 2004.