DESEQUILÍBRIO ELETROLÍTICO DO CLORETO

O cloreto é um eletrólito de grande importância no corpo humano, desempenhando funções essenciais para a manutenção da homeostase e o funcionamento adequado de todos os órgãos. Apesar de ser menos mencionado em comparação ao sódio e ao potássio, ele é o principal ânion do líquido extracelular, contribuindo significativamente para o equilíbrio eletrolítico.

Ele participa de processos como transmissão nervosa, contração muscular e regulação da pressão osmótica. Além de desempenhar papeis fundamentais em diversos órgãos, como no sistema digestivo, ao participar da formação do ácido clorídrico (HCl) no estômago, essencial para a digestão. Ele também é um elemento chave no transporte de dióxido de carbono (CO2) pelas hemácias, facilitando a troca de íons bicarbonato por íons cloreto, contribuindo para a regulação do pH e o transporte eficiente de gases.

A análise dos níveis de cloreto é essencial na prática clínica, sendo amplamente utilizada para avaliar o equilíbrio eletrolítico e identificar condições como desidratação, insuficiência renal e distúrbios ácido-base, incluindo acidose. Além disso, o monitoramento desse eletrólito é indispensável no acompanhamento de tratamentos para desequilíbrios ácido-base, auxiliando na avaliação da eficácia terapêutica e na condução de intervenções clínicas precisas.

HIPOCLOREMIA:

A hipocloremia caracteriza-se por uma redução nos níveis séricos de cloreto, geralmente acompanhada por outros distúrbios eletrolíticos. Os sinais clínicos estão intimamente ligados aos outros distúrbios ácido-básicos que frequentemente acompanham essa condição. 

As causas principais incluem baixa ingestão de cloro, como em dietas pobres em sal, e perdas excessivas, como poliúria, vômitos ou aspiração gástrica. Em casos de administração excessiva de água em pacientes anúricos ou oligúricos, ocorre hipocloremia dilucional, na qual a concentração de cloreto diminui sem alteração no total corporal. 

Entre outras condições associadas a baixos níveis de cloreto estão: 

  • Perdas gastrointestinais de bicarbonato por diarreia intensa, vômitos prolongados ou uso de fármacos como colestiramina e sulfato de magnésio. 
  • Doenças renais, como nefropatia e pielonefrite crônica, assim como o abuso de diuréticos. 
  • Insuficiência adrenal, especialmente durante crises addisonianas, os níveis de cloreto e sódio podem cair.
  • Acidose metabólica, onde o cloreto é substituído por ânions orgânicos.
  • Alcalose metabólica, caracterizada por redução do cloreto devido ao excesso de bicarbonato. 

Além disso, condições como hiperaldosteronismo, síndrome de secreção inapropriada de ADH (SSIHAD), queimaduras e hipervolemia também podem levar à hipocloremia.

HIPERCLOREMIA:

A hipercloremia é caracterizada por um aumento excessivo dos níveis de cloreto no plasma, frequentemente associado à hipernatremia (aumento de sódio). Esse distúrbio pode ser causado por condições como desidratação grave, insuficiência renal e hemodiálise. 

Clinicamente, pode provocar sede intensa, oligúria, contrações musculares, tremores, confusão mental e febre moderada. Além disso, o excesso de cloreto pode interferir no metabolismo glicêmico e no transporte de oxigênio, agravando o quadro clínico e aumentando o risco de complicações sistêmicas. 

A hipercloremia frequentemente está associada à acidose metabólica, que ocorre devido à redução do bicarbonato plasmático. Essa condição pode ser primária, causada pelo aumento da produção de ácidos endógenos (como ácido lático ou cetoácidos), perda de bicarbonato ocasionada por diarreia, insuficiência renal, ou acidose tubular renal, onde a reabsorção tubular de bicarbonato é reduzida. Além de ser associada de forma secundária a alcalose respiratória.

Outras condições relacionadas à hipercloremia incluem:

  • Insuficiência renal aguda;
  • Diabetes insipidus;
  • Uso de medicamentos como acetazolamida e esteroides;
  • Obstrução prostática;
  • Hiperventilação.

Em resumo, embora o cloreto muitas vezes receba menos atenção do que outros íons, sua importância para a saúde e o funcionamento adequado do corpo não deve ser subestimada. O acompanhamento preciso dos níveis de cloreto é essencial para o diagnóstico e tratamento eficaz de várias condições médicas.

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Referências:

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