Diabetes Mellitus: Exames Bioquímicos e Monitoramento Laboratorial
O diabetes mellitus (DM) é um grupo de distúrbios metabólicos que se caracteriza pela elevação dos níveis de glicose no sangue, conhecida como hiperglicemia. Essa condição resulta de defeitos na ação e/ou secreção de insulina, o hormônio responsável por regular os níveis de glicose no organismo. Neste artigo, vamos explorar os exames bioquímicos utilizados para o diagnóstico preciso do diabetes, contribuindo para uma compreensão mais aprofundada dessa importante condição clínica.
Diabetes Mellitus Tipo 1 e 2
O DM tipo 1 caracteriza-se pela destruição das células β pancreáticas, resultando em uma deficiência de insulina. Isso pode ser decorrente da presença de autoanticorpos anti-insulina, antidescarboxilase do ácido Glutâmico (GAD 65) e antitirosina-fosfatases (IA2 e IA2B), ou pode não haver presença de autoanticorpos, levando a uma etiologia idiopática. Por outro lado, o DM tipo 2 caracteriza-se pela deficiência na produção de insulina pelas células β pancreáticas e a resistência periférica à ação da insulina. Esse tipo de diabetes pode ocorrer devido a uma disposição genética, sobrepeso, obesidade, sedentarismo e envelhecimento.
Critérios Diagnósticos para Diabetes Mellitus
O diagnóstico desse distúrbio depende de alterações na concentração de glicose sanguínea, ou seja, da presença de hiperglicemia. No DM1, a hiperglicemia vem acompanhada de distúrbios metabólicos e é severa, enquanto no DM2, as alterações de glicose são moderadas e requerem um cuidado especial no momento da dosagem.
Exames Bioquímicos para Diagnóstico e Monitoramento de DM
Alguns exames laboratoriais bioquímicos devem ser realizados para o diagnóstico e monitoramento de DM. Para o diagnóstico, é necessário que pelo menos 2 critérios apresentem alterações para a confirmação do diagnóstico. Já para o monitoramento, o médico deve avaliar os resultados e verificar se estão de acordo com o esquema terapêutico.
- Glicemia Casual: É aquela dosada em qualquer momento do dia, sem levar em consideração as refeições. Deve estar ≥ 200 mg/dL e acompanhada de sintomas como poliúria e polidipsia.
- Glicemia de Jejum: É realizada com o paciente em jejum de 8 a 10 horas e apresenta valores ≥ 126 mg/dL. No entanto, resultados normais não excluem o diagnóstico de DM.
- Glicemia de 2 horas após sobrecarga: Nesse exame, o paciente ingere 75g de glicose e, depois de 2 horas, é feita a dosagem. Valores > 200 mg/dL podem ser indicativos de DM.
- Hemoglobina Glicada (HbA1c): Reflete o controle glicêmico das últimas 8 a 12 semanas. Resultados ≥ 6,5% indicam o diagnóstico de DM.
Alterações com Relevância Clínica
Pacientes com glicemia em jejum > 100 mg/dL a < 126 mg/dL podem apresentar risco para o desenvolvimento de DM e de doenças cardiovasculares. Já pacientes com tolerância à glicose diminuída, ou seja, aqueles que, após a sobrecarga de glicose, apresentam resultados ≥ 140 e < 200 mg/dL, podem ter alguma anormalidade na regulação de glicose após a sobrecarga.
O diagnóstico de DM é de extrema importância para que seja possível encontrar um esquema terapêutico adequado, a fim de melhorar a qualidade de vida do paciente. Além disso, o monitoramento contínuo é essencial para verificar a adesão ao tratamento e garantir uma gestão eficaz do diabetes mellitus.
Referências:
Cobas R, Rodacki M, Giacaglia L, Calliari L, Noronha R, Valerio C, Custódio J, Santos R, Zajdenverg L, Gabbay G, Bertoluci M. Diagnóstico do diabetes e rastreamento do diabetes tipo 2. Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes (2022). DOI: 10.29327/557753.2022-2, ISBN: 978-65-5941-622-6.
MOTTA, V.T. Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e Interpretações. 5ª ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2009.