ERITROPOIESE
Fases Maturativas dos Eritrócitos e Avaliação Laboratorial
A eritropoiese é o processo de produção de eritrócitos. Este processo é rigidamente controlado por diversos fatores de crescimento e citocinas, sendo a eritropoetina (EPO), produzida principalmente nos rins, o principal regulador. A EPO estimula as células progenitoras comprometidas com a linhagem eritroide, fazendo-as responder ao seu estímulo. Assim, ocorrem três divisões mitóticas sucessivas, resultando na formação de 16 proeritroblastos, que passam por diversas etapas de diferenciação até a formação do eritrócito maduro, que é então liberado no sangue periférico.
A mitose ocorre nos estágios iniciais da diferenciação celular, nos proeritroblastos, eritroblastos basófilos e policromatófilos. Nos eritroblastos ortocromáticos, entretanto, a divisão celular cessa, e seus núcleos passam por um processo conhecido como cariorrexe ou degeneração. O material genético nuclear é envolvido por uma camada fina de hemoglobina no citoplasma celular e é expelido envolto em uma membrana. A perda dos núcleos nos eritroblastos ortocromáticos ocorre também por extrusão, onde são expelidos através do citoplasma.
PRÓ-ERITROBLASTO
Nesta fase inicial da eritropoiese, as células-tronco hematopoiéticas se diferenciam em proeritroblastos. Essas células são grandes, com núcleo grande e pouco condensado. A cromatina é frouxa, e podem ser visíveis nucléolos.
ERITROBLASTO BASÓFILO
Os proeritroblastos na eritropoiese se transformam em eritroblastos basófilos. Nesta fase, o núcleo ainda é grande, mas começa a se condensar. A cromatina torna-se mais densa, e os nucléolos desaparecem gradualmente. O citoplasma começa a síntese de hemoglobina.
ERITROBLASTO POLICROMÁTICO
Os eritroblastos basófilos se transformam em eritroblastos policromatófilos. Nesta fase, a célula diminui de tamanho, o núcleo continua a se condensar e a cromatina assume uma coloração mais densa. O citoplasma adquire uma coloração mais rosada devido à presença de hemoglobina em diferentes quantidades.
ERITROBLASTO ORTOCROMÁTICO
Os eritroblastos policromatófilos se transformam em eritroblastos ortocromáticos. Nesta fase, o núcleo é pequeno, densamente condensado, e eventualmente é ejetado da célula. O citoplasma torna-se mais rosado devido à elevação da concentração de hemoglobina.
ERITRÓCITO POLICROMÁTICO
Os eritrócitos policromáticos já não apresentam o núcleo,também chamado de reticulócitos (visíveis através da coloração azul cresil brilhante) Estas são células jovens, ainda imaturas, contêm traços de ribossomos na forma de grânulos reticulares. Os reticulócitos amadurecem completamente em eritrócitos maduros.
ERITRÓCITOS MADUROS
Os eritrócitos maduros são bicôncavos com um leve halo central.
AVALIAÇÃO LABORATORIAL
A avaliação laboratorial da eritropoese é crucial para diagnosticar e monitorar várias condições médicas. A contagem de eritroblastos e reticulócitos no sangue periférico é o principal parâmetro de alterações na fisiologia normal da eritropoiese.
A presença de eritroblastos e reticulócitos no sangue periférico pode ter significado clínico importante e geralmente está associada a distúrbios da eritropoiese na medula óssea, podendo indicar uma excessiva atividade medular por compensação, seja por perda aguda de sangue ou mesmo por condições patológicas, como anemias hemolíticas e hemoglobinopatias:
Alguns analisadores já conseguem liberar a quantidade de eritroblastos, como o analisador hematológico Mindray BC 6000. Esse equipamento além de fornecer os resultados de contagem e diferencial de leucócitos em cinco partes também faz a contagem de eritroblastos. Contudo aos aparelhos que não possuem essa tecnologia, a presença de eritroblastos pode aumentar falsamente o número de leucócitos quantificados pela automação, sendo necessário realizar a correção da contagem global dos mesmos.
Em suma, a eritropoiese é um processo complexo e altamente regulado que garante a produção adequada de eritrócitos para manter a homeostase do organismo. A avaliação laboratorial de eritroblastos e reticulócitos no sangue periférico é uma ferramenta essencial na avaliação e monitoramento de distúrbios hematológicos, auxiliando os médicos no diagnóstico precoce e no manejo adequado dessas condições.
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Referências
Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006
Naoum, Flávio Augusto
Doenças que alteram os exames hematológicos / Flávio Augusto Naoum. – 2. ed. –
Rio de Janeiro: Atheneu, 2017
BRITO JUNIOR, Lacy et al. Validação do analisador hematológico Mindray BC6000 para a contagem de eritroblastos em sangue periférico. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 58, p. e4422022, 2022.
MENEZES, A. R. P. et al. CORREÇÃO DA CONTAGEM DE LEUCÓCITOS EM PACIENTE COM NEOPLASIA MIELOPROLIFERATIVA E FRAGMENTOS DE MEGACARIÓCITOS CIRCULANTES NO SANGUE PERIFÉRICO. Hematology, Transfusion and Cell Therapy, v. 44, p. S550, 2022.
