ERROS PRÉ-ANALÍTICOS NA ANÁLISE DA GASOMETRIA
A gasometria arterial é um exame sensível a diversos erros pré-analíticos que podem comprometer a precisão dos resultados. Entre esses fatores, destacam-se a presença de bolhas de ar na amostra, a sedimentação das células sanguíneas, o tempo prolongado entre a coleta e a análise, a diluição da amostra e o transporte e conservação inadequados.

1) Presença de bolhas de ar na amostra:
A entrada de bolhas de ar na amostra durante a coleta é um dos principais fatores de erro na gasometria. As bolhas de ar podem alterar significativamente o valor de PO₂ (pressão parcial de oxigênio), pois há uma troca de gases entre o ar e a amostra.
Quando o PO₂ na amostra é inferior ao valor do ar atmosférico (aproximadamente 150 mmHg), o erro tende a ser positivo, ou seja, o PO₂ na amostra se eleva. Por outro lado, se o PO₂ da amostra for superior ao da bolha de ar, o erro será negativo.
Prevenção: As bolhas devem ser removidas imediatamente após a coleta para evitar contaminação da amostra. A correta manipulação da seringa e a coleta cuidadosa são essenciais para minimizar esse risco.
2) Sedimentação da amostra:
A sedimentação das células sanguíneas é um dos erros pré-analíticos mais comuns e pode ocorrer rapidamente após a coleta, especialmente se a amostra não for bem homogeneizada. Esse processo pode afetar os valores de pH, gases e concentrações de hemoglobina, prejudicando a precisão dos resultados.
Prevenção: A amostra deve ser homogeneizada adequadamente antes da análise. Isso pode ser feito invertendo a seringa várias vezes ou rolando-a suavemente entre as mãos.
3) Efeito do tempo prolongado entre coleta e análise:
Dentre os principais erros pré-analíticos encontra-se a demora entre a coleta e análise da amostra. Após a coleta, as células sanguíneas continuam a realizar metabolismo, consumindo oxigênio e liberando dióxido de carbono. Esse processo pode alterar os valores de gases sanguíneos, pH e outros parâmetros, como o potássio. Além disso, a difusão de gases pela parede da seringa pode afetar os resultados.
Prevenção: A amostra deve ser analisada o mais rápido possível, preferencialmente dentro de 30 minutos após a coleta. Caso não seja possível realizar a análise neste intervalo, a amostra deve ser refrigerada entre 0 e 4°C para retardar o metabolismo celular.
4) Diluição da amostra:
A diluição da amostra pode ocorrer devido ao uso inadequado de heparina ou à coleta de sangue de um cateter arterial com solução de infusão. Isso pode interferir nas concentrações dos constituintes sanguíneos, alterando os resultados.
Prevenção: Utilizar seringas específicas para gasometria, previamente heparinizadas com heparina seca, em vez de heparina líquida. Caso a coleta seja realizada de um cateter arterial, deve-se descartar de 3 a 6 vezes o volume do cateter para evitar a diluição.
5) Transporte e conservação da amostra:
O transporte da amostra deve ser realizado de maneira adequada para garantir a integridade dos resultados. A amostra não deve ser exposta a altas temperaturas ou mudanças bruscas de temperatura, pois isso pode afetar a estabilidade dos gases sanguíneos e dos metabólitos.
Prevenção: Se não for possível realizar a análise dentro de 30 minutos, a amostra deve ser armazenada entre 0 e 4°C, em posição horizontal para evitar a sedimentação celular. O uso de gelo moído ou gelo reciclável no transporte é recomendado, mas a amostra nunca deve ser colocada diretamente sobre o gelo.
6) Homogeneização adequada antes da análise:
Uma homogeneização adequada é crucial para garantir que a amostra analisada seja representativa de toda a coleta. A falta de agitação pode resultar em leituras imprecisas.
Prevenção: Antes da análise, as primeiras gotas da seringa devem ser descartadas para evitar contaminação. A amostra deve ser invertida repetidamente e rolada entre as palmas das mãos para garantir uma mistura homogênea.
A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO AOS DETALHES PRÉ-ANALÍTICOS
A gasometria é um exame extremamente sensível que requer cuidados rigorosos para garantir a precisão dos resultados. Fatores como a presença de bolhas de ar, sedimentação celular, tempo prolongado entre coleta e análise, diluição da amostra, transporte inadequado e falta de homogeneização podem comprometer os resultados e afetar o diagnóstico. Portanto, adotar as melhores práticas pré-analíticas é fundamental para garantir a confiabilidade dos resultados e, consequentemente, uma assistência de saúde de qualidade.
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Referências:
SBPC/ML. Boas práticas em laboratório clínico. 1. ed. São Paulo: Manole, 2020.