ESPERMOGRAMA NA PRÁTICA LABORATORIAL
O espermograma é um exame essencial na análise da infertilidade e no estudo das doenças genitais masculinas, que inclui a avaliação dos espermatozoides, do líquido seminal e da presença de outras células, como leucócitos e bactérias. A análise do sêmen fornece informações importantes sobre o processo de espermatogênese, a função dos espermatozóides e a função das glândulas sexuais acessórias.
Coleta
A coleta do sêmen deve ser realizada com um período de abstinência sexual de 2 a 7 dias, deve ser depositado em um recipiente estéril ou limpo, de boca larga, que permita que todo o líquido seminal seja depositado no recipiente; em caso de perda de alguma gota de sêmen, a amostra não deve ser levada ao laboratório e deve-se repetir o procedimento com os mesmos dias de abstinência. O recipiente deve ser fechado hermeticamente, marcado com o nome do paciente, transportado à temperatura corporal (30ºC-36ºC) e entregue no laboratório até uma hora após a retirada da amostra.
Aspectos Físicos
O líquido seminal é formado pela secreção das vesículas seminais (60%), próstata (30%), epidídimo e glândulas bulbouretrais (10%).
- VOLUME: O volume normal para um mínimo de dois dias de abstinência é de igual ou superior a 1,5 ml. Quando há menos deste valor há hipospermia, uma causa da baixa produção de líquido seminal está relacionada com níveis de testosterona baixos.
- PH: O pH seminal depende das secreções das glândulas sexuais acessórias, tornando a próstata acidificante e alcalinizante as vesículas seminais. O valor de referência no adulto é de maior ou igual a 7,2. Valores de pH ácido causam a mortalidade dos espermatozoides (o pH ácido da vagina atua como espermicida biológico). Os espermatozoides toleram mais facilmente a alcalinização do sêmen.
- MUCOLÍSE: A secreção da próstata facilita a mucólise ou a liquefação do líquido seminal coagulado pela ação das secreções das vesículas seminais. No momento da ejaculação, o plasma seminal proveniente da próstata é líquido, mas uma vez entra em contato com as secreções das vesículas seminais, coagula. Por isso, a coagulação do plasma seminal é uma das características da função das vesículas seminais. Após a coagulação ocorre o fenômeno de liquefação, ele será observado entre 10 e 30 minutos após a ejaculação. Este fenômeno depende da atividade da próstata. Por isso, ambos os processos, a coagulação e a mucólise, refletem a função das glândulas sexuais acessórias (vesículas seminais e próstata). A alteração da mucólise e o aumento da viscosidade do líquido seminal estão relacionados com processos inflamatórios das glândulas e sua presença impede o livre deslocamento dos espermatozoides.
- COR: A cor normal é o branco opalescente. Contudo, quando existe prostatite ou vesiculite crônica pode ficar de cor amarelada; quando há uma infecção aguda apresenta uma cor branca purulenta. Em alguns casos, a cor é marrom, o que indica a presença de sangue no sêmen (hemospermia); sua causa pode ser a ruptura ocasional de algum vaso sanguíneo na via uretral ou na veia; quando persistir deve-se descartar a presença de neoplasias.
Aspectos Celulares – Motilidade
A motilidade é classificada em quatro categorias:
- Grau A: são móveis rápidos e com mobilidade retilínea;
- Grau B: são lentos e com deslocamentos não retilíneos;
- Grau C: quando não há deslocamento do espermatozoide, mas há mobilidade flagelar;
- Grau D: quando o espermatozoide está imóvel.
Uma amostra tem mobilidade normal se tiver mais de 50% de espermatozoides grau A +B, e se tiver mais de 25% grau A. Se esses critérios não forem atendidos, será qualificada com diagnóstico de astenozoospermia.
A mobilidade é geralmente diminuída por infecções de transmissão sexual, por varicocele testicular, frio, muitos dias de abstinência, efeitos mitocondriais de origem congênita ou adquirida, substâncias aditivas como cigarro e o álcool.
Aspectos Celular – Morfologia e Vitalidade
Para realizar o relatório da morfologia é necessário fazer uma coloração nos espermatozoides. A OMS classifica as alterações de acordo com a região onde estão localizadas: cabeça, cauda, flagelo e combinadas. Há uma década se aceita espermogramas normais com mais de 50% das formas normais; hoje, de acordo com os critérios, aceita-se como normal uma morfologia com 30%.
Na análise da vitalidade no espermograma, os espermatozóides imóveis podem estar vivos ou mortos. Para determinar quais estão vivos o teste de eosina é realizado, o que consiste em uma mistura de uma gota de eosina e uma de sêmen. Quando as células mortas perdem sua capacidade de permeabilidade da membrana e permitem a passagem livre dos fluidos, todos os espermatozoides mortos serão observados no microscópio como tecidos rosados e os vivos ficarão sem cor.
Este exame é de grande valor nos casos de astenozoospermia. O ideal é que mais de 58% dos espermatozóides estejam vivos.
Principais Alterações
- Azoospermia: ausência de espermatozóides na amostra de semen. As principais causas são obstruções dos canais seminais, alterações hormonais ou doenças que afetam a produção de espermatozoides
- Oligospermia: redução do número de espermatozoides, sendo indicado no espermograma como uma concentração inferior a 15 milhões por ml ou 39 milhões por volume total, pode ser consequência de infecções do sistema reprodutor, doenças sexualmente transmissíveis, efeito colateral de algum medicamento, como o Cetoconazol ou o Metotrexato.
- Astenospermia: é o problema mais comum e surge quando a motilidade ou a vitalidade apresentam valores inferiores ao normal no espermograma, podendo ser causada por excesso de estresse, alcoolismo ou doenças autoimunes, como lúpus e HIV, por exemplo.
- Teratospermia: é caracterizada por alterações na morfologia dos espermatozoides e pode ser provocada por inflamações, malformações, varicocele ou uso de drogas.
- Leucospermia: é caracterizada pelo aumento da quantidade de leucócitos no sêmen, o que é normalmente indicativo de infecção no sistema reprodutor masculino, podendo ser indicados exames microbiológicos para identificar o microrganismo responsável pela infecção e, assim, ser iniciado o tratamento.
- Hiperespermia: acontece quando é verificado volume maior que 5 mL de sêmen, o que pode ser indicativo de abstinência sexual ou ejaculatória prolongada ou acontecer após a realização de exames relacionados com a estimulação da próstata.
- Hipospermia: acontece quando é verificado volume menor que 1,5 mL de sêmen, o que pode ser devido à prática frequente de relações sexuais e de ejaculação, diminuição dos níveis de testosterona ou obstruções nos canais por onde espermatozoides são eliminados.
Conclusão
Em resumo, o espermograma é o exame inicial dos estudos de laboratório para a fertilidade masculina. É um exame de baixo custo que permite realizar uma primeira impressão diagnóstica e também avaliar os registros dos tratamentos médicos e cirúrgicos que serão realizados durante o processo. O espermograma geralmente é normal quando o volume de esperma coletado é maior que 1.5 ml e a concentração de espermatozóides na amostra é superior a 15 milhões por ml, com uma contagem total de espermatozoides maior que 39 milhões. Além disso, o resultado normal geralmente apresenta um valor de motilidade superior a 32%, vitalidade maior que 58% e uma porcentagem de espermatozoides com morfologia normal de no mínimo 4%.
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Referências
MANUAL DA OMS PARA O EXAME DO SÊMEN. Disponível em: https://pncq.org.br/uploads/pdfs/manual_laboratorio_oms_A5_web.pdf
PASQUALOTTO, Eleonora Bedin; PASQUALOTTO, Fabio Firmbach. Espermograma e testes de função espermática. Femina, p. 91-98, 2006.