ESPLENECTOMIA E HEMATOLOGIA: COMO A REMOÇÃO DO BAÇO AFETA O SANGUE?

A esplenectomia impacta diretamente a fisiologia hematológica, alterando a contagem e a morfologia das células sanguíneas. Para o profissional de análises clínicas, compreender essas mudanças é essencial para interpretar corretamente os exames laboratoriais e diferenciar achados esperados de potenciais complicações.

Neste artigo, exploramos as principais alterações hematológicas pós-esplenectomia e como elas se refletem no hemograma e em outros exames laboratoriais.

O papel do baço na regulação hematológica:

O baço atua no metabolismo das células sanguíneas de várias formas:

  • Filtragem de hemácias envelhecidas ou danificadas e partículas estranhas da circulação;
  • Reciclagem de ferro, auxiliando no equilíbrio da eritropoiese;
  • Regulação da destruição plaquetária, evitando hipercoagulabilidade;
  • Armazenamento de leucócitos, especialmente as células B, sendo um componente importante da resposta imunológica.

Com a esplenectomia, essas funções são parcialmente compensadas pelo fígado e pela medula óssea, o que resulta em diversas alterações laboratoriais.

O impacto da esplenectomia na morfologia das hemácias:

Sem a filtragem esplênica, hemácias anormais passam a circular livremente no sangue, podendo ser observadas no esfregaço sanguíneo principalmente:

  • Corpúsculos de Howell-Jolly → Resíduos nucleares que normalmente seriam removidos pelo baço, é o achado mais característico.
  • Acantócitos → Hemácias com projeções irregulares, comuns em pacientes esplenectomizados.
  • Hemácias em alvo (codócitos) → Comuns em esplenectomizados, principalmente em casos associados a talassemia.

Lâmina com presença de Corpúsculos de Howell-Jolly em eritrócitos. Fonte: CellWiki.

Lâmina com presença de acantócitos. Fonte: CellWiki.

Lâmina com presença de codócitos. Fonte: CellWiki.

Achados laboratoriais adicionais:

  • Aumento discreto de bilirrubina indireta e LDH, reflexo da menor remoção de hemácias anormais.
  • Diminuição da haptoglobina, podendo indicar hemólise residual.

Com a ausência do baço para armazenar plaquetas, a contagem plaquetária pode aumentar significativamente:

  • Trombocitose transitória – Frequente nos primeiros meses após a esplenectomia, podendo ultrapassar 500.000/mm³.
  • Trombocitose persistente – Pode indicar risco trombótico e deve ser monitorada com testes de coagulação (D-dímero, fibrinogênio).

Leucograma pós-esplenectomia:

  • Leve leucocitose pode ser observada devido à ausência do reservatório esplênico de leucócitos.
  • Neutrofilia transitória no pós-operatório imediato.
  • Risco aumentado de infecções bacterianas, especialmente por bactérias encapsuladas (Streptococcus pneumoniae, Neisseria meningitidis).

A ausência do baço provoca mudanças previsíveis na hematologia do paciente, sendo essencial que o profissional de análises clínicas reconheça esses achados no hemograma e em exames complementares. Dominar a interpretação dessas alterações não apenas evita diagnósticos incorretos, mas também contribui para um acompanhamento laboratorial mais preciso e seguro, reforçando a importância da expertise hematológica na prática diagnóstica.

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Referências:

BAIN, Barbara J. Células Sanguíneas: Um Guia Prático. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

FAILACE, Renato. Hemograma: Manual de Interpretação. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual de Diagnóstico Laboratorial das Coagulopatias Hereditárias e Plaquetopatias. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

ZAGO, Marco Antônio; FALCÃO, Roberto P.; PASQUINI, Ricardo. Tratado de Hematologia. 1. ed. São Paulo: Atheneu, 2013.