gamopatias monoclonais
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GAMOPATIAS MONOCLONAIS

As gamopatias monoclonais são um conjunto de condições onde ocorre a produção e liberação de uma proteína monoclonal – imunoglobulina (Ig) ou um fragmento. A imunoglobulina consiste em duas cadeias polipeptídicas pesadas da mesma classe e subclasse (IgG, IgA, IgD, IgE e IgM), junto com duas cadeias polipeptídicas leves do mesmo tipo (kappa ou lambda). Identificar a presença dessa proteína monoclonal é crucial para distinguir gamopatias monoclonais e policlonais.

Essa imunoglobulina pode surgir de alterações benignas ou malignas nas células B, podendo ser polímeros, monômeros ou fragmentos como as cadeias leves (conhecidas como proteínas de Bence Jones), ou, menos comumente, cadeias pesadas ou fragmentos de moléculas. Tanto os monômeros quanto os fragmentos podem formar polímeros. A detecção de uma paraproteína no sangue ou na urina requer investigações adicionais para determinar sua natureza benigna ou maligna.

Principais Gamopatias Monoclonais

  • Gamopatia Monoclonal de Significado Indeterminado (GMSI): É a forma mais comum de gamopatia monoclonal, encontrada em aproximadamente 3% da população acima de 50 anos, com uma prevalência que aumenta com a idade (1,7% entre 50-59 anos e acima de 5% a partir dos 70 anos). A taxa de progressão de GMSI para mieloma múltiplo é de cerca de 1% ao ano. Aproximadamente 25% dos pacientes com GMSI desenvolvem mieloma múltiplo, amiloidose, macroglobulinemia ou outras doenças linfoproliferativas.
  • Macroglobulinemia de Waldenström (MW) é uma doença linfoproliferativa caracterizada pela infiltração linfoplasmocitária da medula óssea e pela produção de IgM monoclonal. Representa aproximadamente 2% das neoplasias hematológicas e afeta predominantemente pacientes idosos, com idade média de 63 anos, sendo mais comum em homens do que em mulheres.
  • A amiloidose AL é uma condição rara caracterizada pela deposição de fibrilas de amilóide, derivadas principalmente das cadeias leves das Ig. Essa deposição pode comprometer vários órgãos como coração, pulmões, rins, nervos periféricos, pele, língua e intestino. Os sintomas são inespecíficos e incluem fadiga, edema e perda de peso. O diagnóstico suspeito ocorre quando há presença de proteína monoclonal no soro ou na urina, juntamente com sinais de infiltração e disfunção de órgãos.
  • Mieloma Múltiplo (MM): É uma condição ainda incurável caracterizada pela proliferação de plasmócitos clonais que produzem e secretam Ig monoclonal ou fragmento dela. É marcada por destruição óssea, insuficiência renal, anemia e hipercalcemia, frequentemente precedida por GMSI. A etiologia do mieloma múltiplo não é completamente conhecida, mas a exposição a radiações, benzeno, solventes orgânicos, inseticidas e herbicidas pode desempenhar um papel significativo.
gamopatias monoclonais
Linfócitos B monoclonais plasmocitários em mieloma múltiplo. Fonte: CellWiki

Exames Laboratoriais

O diagnóstico e acompanhamento das gamopatias monoclonais envolvem a realização de diversos exames, adaptados conforme os sintomas apresentados pelo paciente. Sinais clínicos como viscosidade sanguínea aumentada e sangramento de mucosas podem ser os primeiros indicativos dessas doenças.

Na maioria dos casos, a eletroforese de proteínas revela alterações importantes, como a presença de uma banda monoclonal (componente M) no soro. A intensidade dessa banda pode fornecer uma estimativa da quantidade de proteína monoclonal presente, auxiliando no diagnóstico e monitoramento.

gamopatias monoclonais

O hemograma e o mielograma são essenciais, especialmente em casos suspeitos de mieloma múltiplo. A presença de leucocitose e plasmócitos no hemograma e mielograma é altamente sugestiva de mieloma múltiplo. Além de exames de imagem como ressonância Magnética (RM) e Tomografia Computadorizada (TC) que são úteis para detectar lesões ósseas e avaliar o grau de infiltração medular.

A dosagem de cadeias leves livres no soro mede as cadeias leves kappa e lambda livres no sangue, sendo útil para detectar desequilíbrios que indicam gamopatias monoclonais.

Na amiloidose, a comprovação histológica do comprometimento é crucial e é realizada utilizando a coloração com vermelho Congo, que destaca a proteína amiloide com aspecto fluorescente. Este teste é positivo em cerca de 60% dos casos em amostras de aspirado de medula óssea e em 70%-80% dos casos em amostras de gordura subcutânea.

Por fim, o diagnóstico e o acompanhamento das gamopatias monoclonais requerem uma abordagem multifacetada, que combina exames laboratoriais detalhados e avaliações clínicas cuidadosas. A detecção precoce e o monitoramento contínuo são essenciais para o manejo adequado dessas condições, melhorando significativamente os resultados para os pacientes, uma vez que as gamopatias monoclonais representam um espectro de doenças que variam desde condições assintomáticas até distúrbios malignos graves. 

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Referências

Motta, Valter T. (Valter Teixeira), 1943 Bioquímica clínica para o laboratório- princípios e interpretações J Valter T. Motta.- 5.ed.- Rio de Janeiro: MedBook, 2009.

FARIA, Rosa Malena DA.; SILVA, Roberta O. Paula. Gamopatias monoclonais: critérios diagnósticos e diagnósticos diferenciais. Revista brasileira de hematologia e hemoterapia, v. 29, p. 17-22, 2007.