Hepatite C: Exames Laboratoriais
A hepatite C é uma infecção viral que afeta o fígado, causada pelo vírus da hepatite C (HCV). A detecção e o acompanhamento da hepatite C envolvem uma série de exames laboratoriais que são essenciais para o diagnóstico, a avaliação da gravidade da infecção e o acompanhamento do tratamento, e isso será discutido neste artigo.
Contextualizando a Hepatite C
O vírus da hepatite C (HCV) pertence ao gênero Hepacivirus, família Flaviviridae, sendo um RNA vírus de fita simples e polaridade positiva. Este vírus desencadeia um processo infeccioso e inflamatório que pode assumir duas formas: aguda ou crônica, sendo esta última a mais prevalente.
A hepatite crônica causada pelo HCV é uma condição silenciosa, caracterizada por inflamação persistente no fígado. Aproximadamente de 60% a 85% dos casos de infecção tornam-se crônicos, e, em média, cerca de 20% deles progridem para a cirrose ao longo do tempo.
Os pacientes raramente apresentam sinais e sintomas, por isso, é necessário que a população seja testada voluntariamente.
Formas de transmissão da doença
– Contato com sangue contaminado
– Falta de esterilização de equipamentos de manicure
– Transfusão sanguínea
– Reutilização de materiais médicos e odontológicos sem esterilização
– Procedimentos invasivos
– Falta de esterilização de equipamentos para tatuagem
– Contato sexual sem preservativo e transmissão vertical (não comuns)
É importante ressaltar que o vírus não é transmitido através do leite materno, beijo, abraço, alimentos e água.
Exames Laboratoriais na Hepatite C
Normalmente, a Hepatite C é descoberta na fase crônica da doença após um teste de rotina ou doação de sangue. Existem dois tipos de ensaios que podem ser empregados e que atuam de forma complementar no diagnóstico: ensaios sorológicos que identificam a presença de anticorpos contra o HCV e ensaios moleculares que detectam e/ou quantificam o RNA do HCV.
Testes de imunoensaio rápidos: Os testes rápidos para identificação do anti-HCV são empregados com a finalidade de rastrear e diagnosticar a infecção causada pelo vírus da hepatite C (HCV). Quando esses testes estão positivos, é necessário realizar o PCR.
PCR para HCV: A partir da segunda semana após a infecção, é possível detectar o RNA do HCV. Para essa detecção, são empregados testes moleculares que têm duas funções: um teste qualitativo para identificar a presença do RNA do HCV e um teste quantitativo para medir a quantidade desse RNA. As técnicas de PCR em tempo real permitem a detecção de níveis tão baixos quanto 10 a 15 unidades internacionais por mililitro (UI/mL) tanto no teste quantitativo quanto no qualitativo, proporcionando uma capacidade diagnóstica abrangente.
Avaliação do genótipo do HCV: Há seis genótipos distintos de HCV, acompanhados de vários subtipos. A distribuição dos diferentes genótipos varia geograficamente, sendo o genótipo 1 o mais predominante nos Estados Unidos.
Exames de Função Hepática: Os níveis sanguíneos de aminotransferases aumentam aproximadamente de 2 a 8 semanas após a infecção pelo HCV. No entanto, esses níveis geralmente apresentam uma variação considerável e podem voltar quase aos valores normais, anteriormente referidos como “hepatite recidivante aguda”. A magnitude do aumento da enzima ALT não é um indicador confiável da gravidade da lesão hepática na infecção pelo HCV; é necessário realizar uma biópsia para determinar com precisão o grau de dano ao fígado. Se os níveis de bilirrubina e fosfatase alcalina estiverem anormalmente elevados, isso pode indicar um processo colestático.
Testes de Coagulação: A hepatite C pode afetar a capacidade do fígado de produzir proteínas de coagulação; portanto, testes como o tempo de protrombina (TP) e o tempo de tromboplastina parcial ativada (TTPa) podem ser realizados para avaliar a função de coagulação.
A hepatite C é uma infecção viral séria que afeta o fígado e pode levar a complicações graves, como cirrose e câncer hepático. A detecção precoce, por meio de exames laboratoriais, desempenha um papel crucial na gestão eficaz desta doença. Além disso, o monitoramento contínuo da carga viral e dos marcadores virais é fundamental para o acompanhamento da resposta ao tratamento.
Referências:
Laboratório na prática clínica: consulta rápida [recurso eletrônico] / Organizadores, Ricardo M. Xavier, José Miguel Dora, Elvino Barros. – 3. ed. – Porto Alegre: Artmed, 2016.
WALLACH, Jacques Burton. Interpretação de exames laboratóriais . 10º ed Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2018,
Ministério da Saúde. O que são hepatites? Hepatite C. Disponível em: http://antigo.aids.gov.br/pt-br/publico-geral/hv/o-que-sao-hepatites/hepatite-c. Acesso em: 08 set. 2023.