HTBI: HIPERFOSFATASEMIA TRANSITÓRIA BENIGNA DA INFÂNCIA
Define-se a Hiperfosfatasemia Transitória Benigna da Infância (HTBI) como um aumento temporário e isolado dos níveis de fosfatase alcalina (FA) no sangue, sem evidências de doenças ósseas ou hepáticas associadas. Esses achados causam preocupação aos cuidadores, como também aos profissionais de saúde, visto que níveis elevados de FA costumam ser associados à existência de condições associadas. Entretanto, a HTBI é considerada uma alteração benigna, autolimitada e com curso assintomático.

O QUE É A FOSFATASE ALCALINA:
A fosfatase alcalina é um conjunto de isoenzimas: FA tecidular não específica (renal, óssea, hepática), FA intestinal, FA placentária, FA das células germinativas, em que a grande parte delas é produzida no fígado, além do osso e placenta no período gestacional.
A FA sofre variação nos seus níveis séricos de acordo com a idade do indivíduo, sendo assim, mais elevada em crianças e adolescentes justificada pela atividade osteoblástica que ocorre de forma mais acentuada nessas fases.
A FA desempenha várias funções fisiológicas, dentre elas pode-se destacar a formação óssea, diferenciação celular, desenvolvimento embrionário, regulação e transporte de lipídios, além do transporte de fosfato no intestino e rins.
ETIOLOGIA DA HTBI:
Embora a etiologia e os mecanismos fisiopatológicos da HTBI ainda não estejam totalmente esclarecidos, é importante destacar que, mesmo com o estímulo responsável pelo aumento da liberação da fosfatase alcalina permanecendo desconhecido, ainda assim, é possível apontar alguns mecanismos fisiopatológicos que potencialmente justificam esse comportamento.
- Síntese ou liberação excessiva da enzima pelo tecido de origem
- Hiperatividade da enzima circulante
- Diminuição do clearance da enzima (mecanismo mais provável para o desenvolvimento da HTBI)
Outrossim, certas situações, como a recuperação nutricional e o crescimento rápido na adolescência, podem elevar os níveis de vitamina D, que consequentemente, estimula a síntese da FA.
Além disso, a exposição à luz solar e também infecções virais comuns podem estar intimamente associadas ao aumento da mesma. Observa-se esse aumento sendo fomentado pelo metabolismo ósseo ou pela diminuição do clearance hepático da FA.
COMO IDENTIFICAR A HTBI:
Embora a prevalência exata da condição ainda não esteja claramente estabelecida, estimativas indicam uma ocorrência entre 1,1% e 3,5% das crianças, com acometimento semelhante em ambos os sexos.
Observa-se maior frequência da HTBI em crianças com menos de cinco anos. Apesar disso, há registros de casos em crianças mais velhas e, em situações extremamente raras, também em adultos.
Critérios diagnósticos mais comuns:
- Idade inferior a 5 anos (não obrigatória)
- Ausência de sinais clínicos de doença hepática ou óssea
- Elevação das isoenzimas hepática e óssea da fosfatase alcalina
- Normalização dos níveis de FA dentro de até quatro meses
DIAGNÓSTICO DA HTBI:
O diagnóstico de Hiperfosfatasemia Transitória Benigna da Infância é realizado quando se observa a elevação transitória e significativa dos níveis de FA no sangue, porém sem sinais clínicos ou laboratoriais que apontem para doenças hepáticas ou ósseas.
De uma maneira geral, o aumento exacerbado é descoberto de forma incidental, ou seja, durante exames de rotina de crianças supostamente saudáveis ou com suspeitas de outras condições clínicas.
Além disso, a elevação da fosfatase alcalina pode alcançar níveis séricos que vão de 2 a 50 vezes mais em relação aos valores de referência considerados aceitáveis para a idade do paciente.
Sendo assim, costuma-se indicar a observação e o acompanhamento clínico, pois não se tem a necessidade de realizar exames ou tratamentos invasivos, desde que a criança esteja estável clinicamente e os exames laboratoriais adicionais não expressem inconformidades.
CONCLUSÃO:
A HTBI é uma condição benigna, transitória e autolimitada, que pode causar inquietação caso não seja reconhecida de forma adequada e responsável. Portanto, ao identificar níveis elevados de fosfatase alcalina em uma criança que em tese está saudável, é de suma importância considerar esse tipo de condição antes dar início a investigações mais profundas e extensas.
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Referências:
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