Infecção da Dengue
,

Infecção da Dengue: Alterações Laboratoriais

A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, que se caracterizam por serem causadas por vírus transmitidos por vetores artrópodes, no caso do Brasil, o vetor da dengue é a fêmea do mosquito Aedes aegypti.

Com quatro sorotipos, o vírus é classificado cientificamente na família Flaviviridae, e pode infectar todas as faixas etárias, contudo, pacientes mais velhos ou imuno deprimidos têm maior risco de evolução para casos graves e outras complicações que podem levar à morte.

Mesmo o primeiro diagnóstico sendo clínico e baseado em anamnese, exames laboratoriais posteriores são extremamente importantes não só para diagnóstico, mas para acompanhamento da evolução.

A infecção da dengue ocasiona diversos distúrbios na homeostasia. Assim, diversos exames podem sofrer alterações frente a doença, é importante que o analista tenha ciência de como funciona o quadro clínico e a evolução da infecção para que a conduta da avaliação dos resultados ocorra de forma correta.

Infecção da Dengue

Infecção da Dengue: Alterações Hematológicas

O hemograma é o principal exame de triagem, alterações no hemograma auxiliam tanto no diagnóstico como na evolução da dengue, auxiliando o médico nas devidas medidas terapêuticas.  

  • Série Vermelha: O hematócrito é um parâmetro muito útil na análise da hemoconcentração decorrente da efusão do plasma, principalmente nos casos de febre hemorrágica da dengue. Assim, em casos de suspeita de dengue, deve-se considerar possível hemoconcentração, quando a elevação do hematócrito acima da média estipulada para o sexo e faixa etária, ou simplesmente uma elevação de 10% a 20% se o paciente tiver hematócrito basal anterior a doença atual.
  • Série Branca: A contagem global e diferencial de leucócitos é um parâmetro variável, mas que geralmente em casos de dengue a leucopenia é um achado usual, mesmo que em alguns casos possa ocorrer discreta leucocitose. Além disso, uma neutrofilia com discreto desvio à esquerda, pode estar presente além de presença de linfócitos reacionais, que são características dessas células quando em infecções benignas e virais. 
  • Série Plaquetária: A série plaquetária é o principal parâmetro avaliado nos casos de dengue, justamente para avaliação das manifestações hemorrágicas em todas as fases clínicas e terapêuticas. Geralmente apresenta plaquetopenia (<100.000/mm3). 

Atenção aos valores críticos que devem ser sinalizados imediatamente ao médico.

Infecção da Dengue: Alteração na Função Hepática

Outros exames que sofrem muita alteração em pacientes infectados com o vírus da dengue, são os exames que avaliam a função hepática. É comum as alterações hepáticas na infecção pela dengue, uma vez que o vírus tem bastante tropismo celular pelos hepatócitos, em muitos casos a evolução da doença pode apresentar insuficiência hepática justamente pelas lesões virais causadas diretamente aos hepatócitos.

TGO/TGP: As transaminases são as principais enzimas intracelulares utilizadas como biomarcador de lesão hepática, durante uma infecção por dengue é comum suas elevações séricas em até 7 vezes o valor de referência. Essa elevação se dá na replicação viral nas células e posterior morte e lise celular. Essas enzimas podem ser utilizadas para avaliação do grau da infecção e evolução clínica.

Alteração em Outros exames

Caso ache necessário ao avaliar o histórico do paciente, o médico pode solicitar outros exames, que frente a uma infecção de dengue podem apresentar alterações. 

  • O coagulograma pode apresentar uma prolongação no TP e TTPA, além de diminuição do fibrinogênio; 
  • Diminuição da albumina, representa uma medida indireta do extravasamento capilar que define a febre hemorrágica da dengue;

Considerações Importantes:

– É sempre importante avaliar o histórico clínico do paciente, algumas alterações podem estar presentes decorrente de outras condições e não pela infecção atual.

– Atenção para a falsa monocitose liberada por aparelhos! É muito comum que a maioria dos aparelhos liberem uma monocitose frente a presença de linfócitos reativos, a confirmação na lâmina é importante.

Referências:

Diagnóstico laboratorial da dengue. Disponível em:https://www.fleury.com.br/medico/artigos cientificos/hemograma tipico da dengue vai muito-alem-da-plaquetopenia-mostra-revisao-revista-medica-ed-5-2015

Dengue: diagnóstico e manejo clínico – Adulto e Criança Disponível em: Dengue: diagnóstico e manejo clínico – Adulto e Criança (saude.gov.br)

Ministério da Saúde – Dengue Disponível em: www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/d/dengue>