Infecção Sequencial por Fungo após o Tratamento de Infecção Bacteriana
A complexidade das infecções e sua gestão clínica podem se acentuar quando uma infecção bacteriana geniturinária é sucedida por uma infecção fúngica. Este artigo aborda os desafios associados à infecção sequencial por fungo após o tratamento de infecção bacteriana, oferecendo insights para profissionais de saúde enfrentando casos clínicos complexos.
Sistema Imunológico Pós-Tratamento Bacteriano:
A administração de antibióticos, embora necessária para combater infecções bacterianas, têm efeitos adversos, como a supressão da microbiota normal e do sistema imunológico. A destruição das bactérias residentes, por uso prolongado ou inadequado de antibióticos, pode levar à disbiose, um desequilíbrio propício para o desenvolvimento subsequente de infecções fúngicas.
Mais comuns em mulheres, por possuírem um microbiota residente que coopera com as características físico-químicas e imunológicas regionais. A antibioticoterapia não é capaz de selecionar apenas as bactérias infecciosas, com isso leva a uma diminuição da microbiota residente, causando modulação supressiva da imunidade e principalmente elevação do pH vaginal. Esse ambiente se torna então propício para fungos oportunistas.
Candidíase:
A candidíase é frequentemente observada como uma infecção fúngica subsequente, este fungo, normalmente presente no corpo, pode proliferar descontroladamente quando as bactérias competidoras são reduzidas pelos antibióticos.
Em casos mais graves, a candidíase pode tornar-se invasiva, disseminando-se para órgãos internos. Pacientes imunocomprometidos ou hospitalizados apresentam maior risco de candidíase invasiva.
Sintomas e Diagnóstico:
Profissionais de saúde devem estar atentos aos sinais de infecção fúngica subsequente, como lesões orais, genitais e cutâneas, febre persistente e outros sintomas sistêmicos. A identificação precoce permite intervenções eficazes.
O diagnóstico diferencial entre infecções bacterianas e fúngicas é desafiador, uma vez que os sintomas podem se sobrepor. Exames laboratoriais, incluindo culturas e testes específicos para fungos, auxiliam para uma identificação precisa.
Prevenção da Infecção Sequencial por Fungo:
Estratégias de prevenção, como o uso racional de antibióticos, a promoção da saúde da microbiota e a adoção de práticas antifúngicas, são bem-vindas na prevenção de infecções sequenciais.
Alguns pacientes, como aqueles imunocomprometidos, podem enfrentar maior risco de infecções sequenciais. A complexidade desses casos demanda uma abordagem multidisciplinar, envolvendo infectologistas, microbiologistas e outros especialistas, por isso, é preciso estar sempre acompanhando esses pacientes a fim de prevenir possíveis infecções.
A infecção sequencial por fungo ao tratamento de infecção bacteriana representa um desafio clínico significativo. Profissionais de saúde devem estar cientes dos fatores de risco, sintomas e estratégias de prevenção. Uma abordagem integrada, desde a identificação precoce até a escolha adequada de tratamentos, é necessária para o manejo eficaz desses casos complexos, visando a recuperação completa do paciente.
Referências
MSD MANUAL. Considerações Gerais sobre Infecções Fúngicas. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/infec%C3%A7%C3%B5es/infec%C3%A7%C3%B5es-f%C3%BAngicas/considera%C3%A7%C3%B5es-gerais-sobre-infec%C3%A7%C3%B5es-f%C3%BAngicas. Acesso em: 18 jan. 2023.
Módulo 3 – Principais Síndromes Infecciosas. Secretaria da Saúde do Estado de Goiás. Disponível em: https://www.saude.go.gov.br/images/imagens_migradas/upload/arquivos/2017-02/modulo-3—principais-sindromes-infecciosas.pdf. Acesso em: 18 jan. 2023.