leucemia de grandes linfócitos granulares

LEUCEMIA DE GRANDES LINFÓCITOS GRANULARES

A leucemia de grandes linfócitos granulares (LGLG) é uma neoplasia linfoproliferativa rara e crônica, caracterizada pela proliferação clonal de linfócitos T ou células NK (natural killer) de grandes dimensões, com citoplasma abundante e a presença de grânulos azurófilos. Clinicamente, a LGLG pode apresentar-se tanto como uma doença indolente quanto como uma forma mais agressiva, dependendo da linhagem celular envolvida e de fatores prognósticos específicos.

Os grandes linfócitos granulares constituem uma categoria distinta de células linfoides, responsáveis por aproximadamente 10% a 15% das células mononucleares no sangue periférico de indivíduos adultos saudáveis. Esses linfócitos se dividem em duas linhagens principais:

  • Linhagem T CD3+: Representa aproximadamente 15% dos GLGs. Esses linfócitos fazem parte do sistema imune adaptativo e desempenham um papel crucial na resposta citotóxica mediada por células.
  • Linhagem NK CD3-: Corresponde à maioria dos GLGs (cerca de 85%) e está envolvida na resposta imune inata, sendo eficaz na destruição de células infectadas por vírus e células tumorais sem a necessidade de reconhecimento prévio de antígenos.

A causa exata da LGLG ainda não é completamente compreendida, mas acredita-se que um estímulo crônico, possivelmente de natureza autoimune ou viral, desencadeia a proliferação clonal de grandes linfócitos granulares. Alguns estudos sugerem que antígenos virais, como os do HTLV-II e do vírus Epstein-Barr (EBV), possam estar envolvidos no processo de transformação clonal, especialmente na variante NK agressiva. O HTLV-II foi identificado em alguns casos de LGLG, mas a maioria dos pacientes não apresenta evidências sorológicas de infecção pelos vírus HTLV-I ou II, indicando que outros fatores podem ser responsáveis pela patogênese da doença.

Além disso, é reconhecido que a LGLG está frequentemente associada a doenças como a artrite reumatoide e a síndrome de Felty, sugerindo que processos imunomediados desempenham um papel relevante no desenvolvimento da condição.

Características Morfológicas

A avaliação microscópica do sangue periférico é fundamental no diagnóstico da LGLG. Os GLGs são identificados como células de tamanho médio a grande, com citoplasma moderadamente basofílico contendo grânulos azurófilos, que conferem a aparência granular característica. O núcleo dessas células é geralmente excêntrico, e a cromatina pode ser condensada, um achado frequente nas células da variante T.

 leucemia de grandes linfócitos granulares

Grandes Linfócitos Granulares. Fonte Cellwiki

O esfregaço de sangue periférico é frequentemente o primeiro passo na identificação dessas células anormais, sendo uma ferramenta importante na diferenciação da LGLG de outras desordens hematológicas.

Imunofenotipagem e Hemograma

A citometria de fluxo é essencial para a caracterização imunofenotípica e a diferenciação entre LGLG de linhagem T e NK. O painel de marcadores geralmente utilizado inclui CD3, CD4, CD8, CD16, CD56, CD57 e HLA-DR. A variante T, que é mais comum, geralmente apresenta o seguinte perfil imunofenotípico:

  • LGLG-T: CD3+, CD4-, CD8+, CD16+, CD56-, CD57+, HLA-DR+. A variante agressiva pode expressar CD56+, característica que indica uma proliferação mais agressiva e uma pior resposta ao tratamento.
  • LGLG-NK: CD3-, CD16+, CD56+, e frequentemente associada a uma apresentação clínica mais grave, com envolvimento sistêmico e falência orgânica em estágios avançados.

A imunofenotipagem não apenas diferencia entre as variantes de LGLG, mas também auxilia na estratificação do risco, orientando o manejo clínico e terapêutico.

O hemograma geralmente revela linfocitose moderada, neutropenia proeminente em muitos casos, acompanhada ou não de anemia. O esfregaço de sangue periférico demonstra a presença de grandes linfócitos granulares característicos, e a identificação de células com grânulos azurófilos é crucial para a suspeita diagnóstica.

Em pacientes com LGLG, a mielotoxicidade é rara, e a medula óssea geralmente exibe hipercelularidade moderada com infiltração por linfócitos granulares.

Em conclusão, a leucemia de grandes linfócitos granulares é uma doença complexa e heterogênea, que exige uma abordagem diagnóstica cuidadosa, baseada em exames morfológicos, imunofenotípicos e moleculares. Embora indolente na maioria dos casos, a LGLG pode evoluir de maneira agressiva, especialmente na variante NK, necessitando de intervenções terapêuticas precoces e agressivas. A identificação precoce, por meio da citometria de fluxo e análise genética, é crucial para otimizar os resultados clínicos e oferecer terapias direcionadas.

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Referências

SOKOL, Lubomir; LOUGHRAN JR, Thomas P. Leucemia de linfócitos grandes granulares. The oncologist, v. 11, n. 3, p. 263-273, 2006.

TERRA, Bruno; MAIA, Amanda M. Leucemia de grandes linfócitos granulares. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 32, p. 141-148, 2010

Atlas de hematologia : clínica hematológica ilustrada/ Therezinha Ferreira Lorenzi, coordenadora. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006