LINFOMA DE HODGKIN
O linfoma é um tipo de câncer que afeta o sistema linfático e se divide em duas principais categorias: linfoma de Hodgkin e linfoma não Hodgkin. Para compreender melhor o linfoma de Hodgkin, é importante conhecermos um pouco sobre a estrutura dos linfonodos e órgãos linfoides, que é essencial tanto para o sistema circulatório quanto para o sistema imunológico.
Os linfonodos são compostos por células linfoides e células complementares que formam o tecido onde o linfoma pode surgir. Quando ocorre uma mutação em um linfócito B, ele se transforma em uma célula maligna, capaz de se multiplicar descontroladamente, gerando um crescimento anômalo nos linfonodos e, eventualmente, afetando outros tecidos próximos. Uma característica única desse linfoma é seu padrão de disseminação ordenada entre os grupos de linfonodos, por meio dos vasos linfáticos.
Diferentemente da leucemia, que começa na medula óssea, o linfoma origina-se no sistema linfático e pode se manifestar em várias áreas do corpo, como linfonodos cervicais, supraclaviculares, axilares, abdominais, além do mediastino e do baço. Embora possa acometer pessoas de todas as idades, o linfoma de Hodgkin é mais comum em adultos jovens, principalmente homens. A boa notícia é que esse tipo de câncer responde muito bem aos tratamentos modernos, com taxas de cura superiores a 80%, oferecendo uma perspectiva positiva aos pacientes.
Recentemente, o linfoma de Hodgkin ganhou destaque na mídia devido aos diagnósticos de figuras conhecidas, como a jogadora Luana Bertolucci e a influenciadora digital Isabel Veloso, aumentando a conscientização sobre a doença.
Fatores de Risco
Indivíduos imunossuprimidos, como portadores de HIV e transplantados em uso de imunossupressores, têm maior risco de desenvolver linfoma de Hodgkin. Embora raro, o risco é elevado em famílias com histórico da doença. Há também evidências de associação entre infecções por Epstein-Barr e HIV-1 e o linfoma de Hodgkin.
Sintomas
Os sintomas variam de acordo com o tipo específico de linfoma, o estágio da doença e a localização dos linfonodos acometidos:
- Aumento dos linfonodos
- Sudorese noturna intensa, com ou sem febre
- Perda de apetite
- Emagrecimento inexplicado
- Fadiga extrema
- Dor nos linfonodos devido à inflamação
- Prurido sem causa aparente
- Aumento do baço
Diagnóstico e Alterações Laboratoriais
O diagnóstico do linfoma de Hodgkin envolve uma série de exames, incluindo exames de imagem e biópsia do linfonodo.
NO HEMOGRAMA:
- Reticulócitos: Pode estar normal ou reduzido.
- Leucometria: Pode estar normal ou aumentada.
- Eosinofilia: Rara, mas alta quando presente.
- Monócitos, Neutrófilos e Basófilos: Pode haver elevação discreta.
- Plasmócitos e Linfócitos: Podem aparecer com nucléolos e aspecto anormal.
- Plaquetas: Contagem normal, mas pode ser baixa se houver envolvimento da medula óssea, embora raro. Além de poder se apresentar com tamanho aumentado e com formas irregulares.
Ferropenia é comum em Linfoma de Hodgkin e o VHS pode estar elevado em estágios avançados.
O estudo imunohistoquímico do linfoma de Hodgkin geralmente revela os seguintes marcadores: CD15+, CD30+, CD3-, CD45-. O marcador CD20 é positivo em menos de 40% dos casos. No subtipo de linfoma de Hodgkin com predomínio linfocitário nodular, observa-se um perfil: CD45+, CD20+, CD30-, CD15-, CD3-.
Célula de Reed-Sternberg
Esse tipo de célula é um marcador característico e patognomônico do linfoma de Hodgkin, ela não é encontrada no sangue periférico, apenas em biópsias de linfonodos e se destaca por seu tamanho e estrutura.
Morfologicamente, apresenta núcleos polilobulados ou multinucleados, cada um contendo um nucléolo grande (cerca de 10 µm) com afinidade eosinofílica e rodeado por uma zona mais clara de cromatina. Tradicionalmente, a célula de Reed-Sternberg é conhecida como “olho de coruja” devido ao seu aspecto único.
Reed Sternberg Cell. Fonte: Hematology Image Bank, American Society of Hematology.
Estadiamento
- Estágio I: Acometimento de uma única região de linfonodos ou estrutura linfoide (como o baço ou o timo)
- Estágio II: Envolvimento de duas ou mais regiões de linfonodos
- Estágio III: Comprometimento de linfonodos ou estruturas em ambos os lados do diafragma
- Estágio IV: Acometimento de sítios extranodais, além dos linfonodos e estruturas linfoides
Tratamento
O linfoma de Hodgkin apresenta altas taxas de cura. Os tratamentos recomendados incluem poliquimioterapia, radioterapia, imunoterapia e, em alguns casos, transplante de células-tronco.
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Referências
DE MELO, Márcio Antonio Wanderley; DA SILVEIRA, Cristina Magalhães. Laboratório de Hematologia–teorias, técnicas e atlas. Editora Rubio, 2014.
MACHADO, Ana Catarina Sá. Linfoma de Hodgkin: biologia, diagnóstico e tratamento. 2013. Dissertação de Mestrado.
Instituto Nacional de Câncer. Linfoma de Hodgkin. Brasil: INCA, 2022. Disponível em: <https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/linfoma-de-hodgkin>. Acesso em: 09 Nov. 2024.
SPECTOR, Nelson. Linfoma de Hodgkin: aspectos atuais. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 31, p. 3-6, 2009.