LINFOMA TIPO MALT
O linfoma tipo MALT, classificado como um linfoma indolente do tipo não Hodgkin, origina-se de células B da zona marginal extranodal e possui distribuição ampla, acometendo órgãos como estômago, pulmões, glândulas salivares, mamas, tireoide e pele. No entanto, o estômago é o sítio mais frequentemente envolvido, representando cerca de 70% dos casos de localização extranodal. Além disso, pode ocorrer em sítios mais raros, como a laringe, onde representa menos de 1% das neoplasias dessa região.
Esse tipo de linfoma é predominantemente associado a lesões de baixo grau e apresenta uma maior incidência em homens, com uma proporção de casos duas a três vezes superior em relação às mulheres. A faixa etária mais afetada concentra-se entre os 50 e 60 anos, mas com um aumento significativo na ocorrência da doença após os 40 anos.
FATORES DE RISCO:
A infecção pela bactéria Helicobacter pylori desempenha um papel importante na patogênese do linfoma tipo MALT gástrico, sendo considerada um dos principais fatores desencadeante da proliferação do tecido linfoide associado à mucosa. Essa relação etiológica é reforçada pela remissão completa do linfoma em 50% a 90% dos casos após a erradicação da bactéria.
Esse microorganismo desencadeia uma série de eventos imunopatológicos que contribuem para o desenvolvimento do linfoma. Inicialmente, a gastrite induzida pela bactéria leva à agregação de linfócitos CD4+ e células B na lâmina própria do estômago, resultando na formação de folículos linfoides semelhantes às placas de Peyer do íleo. A interação entre células T CD4+ ativadas e células B com capacidade proliferativa aberrante promove o surgimento de uma população de células B semelhantes a centrócitos, que compõem a zona marginal e dão origem ao linfoma de baixo grau.
No entanto, outros agentes infecciosos, como o vírus da hepatite B, HIV e o vírus Epstein-Barr, também têm sido associados ao desenvolvimento desse linfoma.
Além disso, fatores genéticos também contribuem para a patogênese. A translocação cromossômica t(11;18)(q21;q21), particularmente em pacientes infectados por cepas CagA-positivas de H. pylori, inibe a apoptose, favorecendo a proliferação celular descontrolada. A produção da citocina APRIL pelos macrófagos, estimulada pela infecção, contribui para a sobrevivência das células B e sua proliferação.
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:
O linfoma tipo MALT apresenta características clínicas e morfológicas específicas, com a maioria dos casos classificados como linfomas de baixo grau, frequentemente associados a lesões infiltrativas que podem incluir ulcerações e erosões superficiais.
Este linfoma infiltra a periferia dos folículos reativos, a área entre eles e se espalha difusamente pela mucosa adjacente. A presença de células neoplásicas com tropismo pelo epitélio resulta nas características “lesões linfoepiteliais”, consideradas patognomônicas.
Clinicamente, o linfoma MALT manifesta um espectro amplo de sintomas, variando de náuseas, vômitos e dispepsia a dor epigástrica, perda de peso e anemia ferropriva devido ao sangramento crônico. Em casos mais graves, podem ocorrer hemorragias massivas, estenose pilórica e sintomas sistêmicos, como febre e sudorese noturna, relacionados à infiltração significativa de células B na parede gástrica.
Além disso, sintomas como disfonia, dispneia, disfagia, adenopatia cervical e tosse podem surgir em localizações extranodais.
DIAGNÓSTICO E ACHADOS CLÍNICOS:
Invasão maciça do parênquima pulmonar por infiltrados linfoides em linfoma do tipo MALT.
O diagnóstico do linfoma MALT é baseado em uma abordagem integrada, que combina aspectos clínicos, endoscópicos, histopatológicos e imunofenotípicos.
A biópsia é considerada o padrão ouro para o diagnóstico de linfoma MALT. O exame histopatológico revela a invasão de linfócitos monoclonais de pequenas células B na mucosa, formando as características lesões linfoepiteliais. Em casos raros, o linfoma pode infiltrar apenas a submucosa, o que pode levar a resultados falso-negativos.
Embora o diagnóstico final dependa da biópsia, a endoscopia digestiva alta (EDA) desempenha um papel importante na detecção inicial de alterações na mucosa gástrica. Os achados endoscópicos podem incluir enantema, massas ou lesões polipoides com ou sem ulceração, úlceras gástricas de aparência benigna, nodularidade mucosa ou pregas gástricas espessadas com aspecto cerebriforme. Em alguns casos, a mucosa pode parecer normal, destacando a necessidade de complementação diagnóstica com biópsia.
O imunofenótipo é caracterizado pela ausência de marcadores CD5, CD10 e CD76 e pela expressão predominante de IgM, mas com IgD negativo. Esses critérios, junto à análise histológica, permitem um diagnóstico diferencial preciso, diferenciando o linfoma MALT de outras condições.
Outros achados laboratoriais:
- Hemograma: Pode demonstrar anemia, trombocitopenia e leucopenia, reflexo da infiltração medular ou do impacto sistêmico do linfoma.
- Bioquímica: Demonstra níveis aumentados de lactato desidrogenase (LDH), um marcador associado à atividade celular elevada, comumente encontrado em linfomas.
Vale destacar que os resultados clínicos podem variar dependendo da localização específica do linfoma MALT e das complicações associadas.
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Referências:
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