LIPOCALINA ASSOCIADA À GELATINASE DE NEUTRÓFILOS
Aplicação Clínica
A lipocalina associada à gelatinase de neutrófilos (NGAL) é uma proteína de interesse crescente na área laboratorial devido às suas múltiplas funções e suas aplicações em diagnóstico e prognóstico. Originalmente identificada como um componente do sistema imunológico, a NGAL está envolvida em processos inflamatórios e tem sido associada a uma variedade de condições patológicas.
Estrutura e Função
A NGAL (Lipocalina associada à gelatinase de neutrófilos) é uma pequena proteína com peso molecular aproximado de 25 kDa, pertencente à família das lipocalinas, um grupo de proteínas que transportam moléculas hidrofóbicas. Ela está associada à gelatinase de neutrófilos (MMP-9), uma enzima envolvida na degradação da matriz extracelular. A NGAL é produzida principalmente por neutrófilos, mas também pode ser secretada por outras células durante processos inflamatórios. Além disso, é expressa em células epiteliais renais em resposta a lesões e em células tumorais durante o desenvolvimento de neoplasias.
Sua principal função é sequestrar ferro, o que pode inibir o crescimento de patógenos ao limitar a disponibilidade de ferro necessário para sua proliferação. Além disso, a NGAL desempenha um papel crucial na regulação da resposta inflamatória, modulando a atividade de várias citocinas e fatores de crescimento. Ela atua como um biomarcador em diversas condições patológicas, com níveis elevados observados em certos tipos de neoplasias, inflamação grave e aterosclerose. Ademais, a mensuração dos níveis de NGAL, tanto no soro quanto na urina, é considerada uma excelente ferramenta para a identificação precoce de lesão renal.
Aplicação Clínica
Atualmente, a avaliação de lesões renais é realizada principalmente por meio da medição dos níveis de creatinina no sangue e da taxa de filtração glomerular, além da quantificação de albumina na urina. No entanto, muitas condições renais agudas podem ocorrer sem causar um aumento significativo na creatinina sérica, sendo necessário um comprometimento de cerca de 50% da função renal para que esse aumento seja detectado. Da mesma forma, embora a presença de albumina na urina seja considerada um importante indicador de lesão renal, seus níveis podem permanecer normais mesmo na presença de danos estruturais nos glomérulos.
Nesse contexto, a NGAL se destaca como um dos biomarcadores mais promissores para a detecção precoce de insuficiência renal aguda. Os níveis de NGAL no plasma e na urina aumentam significativamente antes do aumento dos níveis de creatinina, permitindo uma detecção mais precoce da insuficiência renal aguda.
Em infecções e condições inflamatórias, como sepse e artrite reumatoide, os níveis de NGAL também se elevam, refletindo a ativação do sistema imunológico e o grau de inflamação. Dessa forma, a NGAL pode auxiliar na distinção entre diferentes tipos de infecções e no monitoramento da resposta ao tratamento.
Em conclusão, a lipocalina associada à gelatinase de neutrófilos é uma proteína multifacetada com um papel significativo na resposta inflamatória e na homeostase do ferro. Sua capacidade de atuar como biomarcador para insuficiência renal aguda, doenças infecciosas, inflamatórias e câncer a torna uma ferramenta valiosa na prática clínica. Além disso, a NGAL é relevante em situações de estresse oxidativo e inflamação, ajudando a limitar o dano tecidual e a promover a recuperação.
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Referências
LAGO, Matheus Wagner; MORESCO, Rafael Noal; BOCHI, Guilherme Vargas. Lipocalina associada à gelatinase neutrofílica (NGAL) como um biomarcador de lesão renal: uma revisão. Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 75, p. 01-13, 2016.
Bolignano, D., Donato, V., Lacquaniti, A., Fazio, M. R., Bono, C., Coppolino, G., & Buemi, M. . Lipocalina associada à gelatinase de neutrófilos (NGAL) em neoplasias humanas: Uma nova proteína entra em cena 2010. https://doi.org/10.1016/j.canlet.2009.05.027
