MACROTROPONINA
Um Problema do Diagnóstico do Infarto agudo do Miocárdio
O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é uma das principais causas de mortalidade global e ocorre devido à interrupção do fluxo sanguíneo nas artérias coronárias, levando à necrose do tecido cardíaco. A detecção precoce e precisa do IAM é essencial para o manejo clínico e para reduzir a mortalidade e as complicações. Dentre os principais marcadores bioquímicos utilizados no diagnóstico do IAM, as troponinas cardíacas, especialmente a troponina I cardíaca (cTnI), têm um papel crucial. No entanto, interferências na detecção, como a presença de macrotroponinas, podem causar falsos positivos, complicando o diagnóstico.
Fisiopatologia do IAM
O IAM resulta principalmente da ruptura de placas ateroscleróticas nas artérias coronárias, o que provoca a formação de trombos que bloqueiam o fluxo sanguíneo para o músculo cardíaco. A isquemia prolongada leva à necrose das células miocárdicas, que liberam vários componentes intracelulares no plasma, incluindo as troponinas cardíacas, importantes marcadores da lesão cardíaca.
A fisiopatologia do IAM pode ser dividida em três fases:
- Isquemia Inicial: A obstrução coronariana reduz o fornecimento de oxigênio ao miocárdio.
- Lesão Celular: Após 20 minutos de isquemia, as células miocárdicas sofrem lesão irreversível, resultando em necrose.
- Liberação de Biomarcadores: As troponinas cardíacas são liberadas no plasma durante a lesão celular, sendo utilizadas como biomarcadores do IAM.
As troponinas cardíacas, particularmente a troponina I cardíaca (cTnI), são altamente específicas para a lesão miocárdica e, por isso, são consideradas o padrão-ouro no diagnóstico do IAM. Após o início do infarto, a cTnI aumenta no sangue entre 3 a 6 horas, atinge um pico em 24 a 48 horas e pode permanecer elevada por até 7 a 10 dias. A longa meia-vida da cTnI permite o diagnóstico de infartos recentes e de eventos passados.
O Problema da Macrotroponina
Apesar da alta eficácia da cTnI no diagnóstico do IAM, algumas interferências analíticas podem afetar sua interpretação, sendo a macrotroponina uma das mais relevantes. A macrotroponina é formada pela ligação de imunoglobulinas à troponina, criando um complexo que tem uma depuração sérica mais lenta. Como resultado, esses complexos podem causar falsos positivos nos ensaios de troponina, pois muitos testes não conseguem distinguir entre a troponina livre (biologicamente ativa) e a macrotroponina (biologicamente inativa).
Os pacientes com macrotroponinas podem apresentar níveis persistentemente elevados de troponina sem a progressão clínica típica de um IAM, o que pode levar a intervenções médicas desnecessárias.
Detecção e Solução para a Macrotroponina
A detecção de macrotroponinas pode ser desafiadora, pois os ensaios convencionais não diferenciam a forma livre da troponina dos complexos de macrotroponina. No entanto, existem métodos especializados para essa detecção:
- Precipitação com Polietilenoglicol (PEG): Esse método é amplamente utilizado para detectar macrotroponinas. O PEG precipita as macromoléculas, incluindo macrotroponinas, permitindo que a troponina livre seja medida no sobrenadante. A diferença entre os níveis totais de troponina e os níveis após a precipitação indica a presença de macrotroponinas.
- Investigação de Interferentes Analíticos: O laboratório também deve investigar a presença de outros interferentes, como anticorpos heterófilos, anticorpos humanos anti-animal e fator reumatoide, que podem causar falsos positivos.
- Dosagens Seriadas de CK-MB ou Troponina T (cTnT): Em casos de suspeita de macrotroponinas, a realização de dosagens seriadas ou a combinação de diferentes biomarcadores pode auxiliar no diagnóstico.
Implicações Clínicas
A presença de macrotroponinas pode induzir a intervenções médicas inadequadas em pacientes sem evidências de isquemia cardíaca real. Esses pacientes frequentemente apresentam níveis elevados de troponinas sem outros sinais clínicos de IAM, como alterações eletrocardiográficas ou sintomas típicos de infarto. Por isso, a interpretação dos níveis de troponina deve ser sempre feita no contexto clínico, levando em consideração fatores adicionais para evitar diagnósticos incorretos.
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Referências
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