Marcadores cardíacos

Marcadores Cardíacos: Detecção e Diagnóstico de DCV

O coração, um incansável motor impulsionador da vida. Nesse cenário, os marcadores cardíacos surgem como ferramentas cruciais para a avaliação precisa das condições do coração. Neste artigo, exploraremos a relevância desses marcadores na detecção de doenças cardiovasculares.

O que são doenças cardiovasculares?

As doenças cardiovasculares (DCV) englobam diversos distúrbios que afetam o coração e os vasos sanguíneos, incluindo a doença coronariana (responsável pelos ataques cardíacos), doença cerebrovascular (AVC), hipertensão arterial (pressão alta), doença arterial periférica, cardiopatia reumática, cardiopatia congênita e insuficiência cardíaca. Essas condições de saúde estão associadas a diferentes problemas que podem ter um impacto negativo no sistema cardiovascular.

Marcadores cardíacos

Alterações celulares e marcadores cardíacos:

A doença cardiovascular pode provocar diversas alterações celulares, desde sutis perdas de propriedades da membrana até a morte celular. Essas mudanças liberam substâncias intracelulares no espaço intersticial e na corrente sanguínea, gerando um aumento temporário nos níveis circulantes de certas substâncias. Entre elas, destacam-se a mioglobina, a creatina quinase, as troponinas e outras, que são consideradas marcadores de lesão cardíaca.

Marcadores de lesão cardíaca e suas funções:

  1. Enzima creatinoquinase MB (CK-MB): Este é o marcador classicamente mais utilizado para detectar lesões cardíacas, especialmente o infarto agudo do miocárdio (IAM). O aumento da atividade plasmática da CK-MB (≥6% do CK total) indica lesão miocárdica. Seus níveis elevam-se entre 4 e 6 horas após o início dos sintomas, atingindo o pico entre 18 e 24 horas, e retornando ao normal entre 48 e 72 horas. Também pode ser encontrado em outras desordens cardíacas, indicando provavelmente o grau de lesão isquêmica.

  1. Mioglobina: Essa hemoproteína citoplasmática é responsável pelo transporte de oxigênio tanto no músculo esquelético como no músculo cardíaco. Durante o IAM, as lesões liberam mioglobina na corrente sanguínea. Seus níveis aumentam entre 1 e 2 horas após o início dos sintomas, alcançam o pico entre 6 e 9 horas e retornam ao normal entre 12 e 24 horas. A mioglobina é um marcador sensível, embora inespecífico, podendo elevar-se em outras situações.

  1. Troponinas: São proteínas presentes nas células musculares, localizadas no aparelho miofibrilar que compõem o sarcômero, constituindo o núcleo fundamental do aparato contrátil das fibras musculares esqueléticas e cardíacas. As troponinas possuem algumas isoformas, sendo as mais utilizadas para a avaliação da lesão cardíaca isoforma T (cTnT) e I (cTnI), que podem ser usadas como marcadores precoces do IAM. Seus níveis aumentam entre 4 e 8 horas após o início dos sintomas, atingindo o pico entre 36 e 72 horas, e retornando ao normal entre 5 e 14 dias.

Conclusão

O diagnóstico de uma lesão do miocárdio requer a análise conjunta de vários parâmetros, correlacionando-os com os sintomas e sinais do paciente, bem como outros exames complementares. Os marcadores cardíacos desempenham um papel fundamental nesse processo, permitindo uma avaliação precisa e um diagnóstico mais efetivo das doenças cardiovasculares.

Referências

MOTTA, V.T. Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e Interpretações. 5ª ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2009.

DA ROCHA, KARINA; SILVA, JADSON OLIVEIRA. Marcadores bioquímicos de lesão no miocárdio. 2012.

Veja mais artigos aqui