PROCALCITONINA

PROCALCITONINA COMO MARCADOR SOROLÓGICO DE SEPSE

A sepse é uma síndrome clínica grave que resulta de uma resposta inflamatória sistêmica a uma infecção, podendo levar à disfunção orgânica e à morte. A detecção precoce da sepse é crucial para melhorar os desfechos clínicos, e a procalcitonina (PCT) é um dos principais biomarcadores utilizados no diagnóstico e monitoramento dessa condição.

PROCALCITONINA

Procalcitonina: Fisiologia Normal

A procalcitonina é um precursor da calcitonina, um hormônio envolvido na regulação do metabolismo do cálcio. Em condições normais, a PCT é produzida pelas células C da tireoide e rapidamente convertida em calcitonina ativa, sendo secretada no sangue em quantidades muito baixas (geralmente indetectáveis, < 0,05 ng/mL). A síntese da PCT é estimulada por fatores como a hipercalcemia, e o processo pode ser resumido da seguinte maneira:

  • Síntese nas células C da tireoide: A procalcitonina é sintetizada como pré-pró-hormônio, processada nas células C e clivada em calcitonina ativa.
  • Conversão em calcitonina: Após a síntese, a PCT é rapidamente convertida em calcitonina e fragmentos peptídicos, o que mantém seus níveis séricos normais muito baixos.

A Procalcitonina na Sepse

Durante a sepse, a produção de procalcitonina é alterada. Em vez de ser restrita à tireoide, a PCT passa a ser sintetizada em vários tecidos periféricos, incluindo o fígado, pulmões, rins e células do sistema imune. O aumento da PCT durante a sepse está associado à resposta inflamatória sistêmica a infecções bacterianas. Citocinas pró-inflamatórias, como o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α) e a interleucina-6 (IL-6), além das endotoxinas bacterianas, são mediadores-chave dessa resposta.

A infecção bacteriana grave estimula a produção de procalcitonina em tecidos que normalmente não a produzem, enquanto as endotoxinas bacterianas, principalmente de bactérias Gram-negativas, ativam receptores imunológicos como os Toll-like receptors (TLRs), levando ao aumento da PCT. Durante a sepse, a clivagem da PCT em calcitonina nas células tireoidianas é prejudicada, o que resulta em um acúmulo de procalcitonina no sangue. Diferentemente das condições normais, a produção de PCT ocorre em múltiplos órgãos, elevando seus níveis séricos de maneira detectável.

Cinética da Procalcitonina na Sepse

Uma das características mais importantes da procalcitonina é sua rápida resposta cinética à infecção bacteriana sistêmica. Os níveis de PCT começam a aumentar entre 3 a 6 horas após o início da infecção e atingem o pico em 24 a 48 horas. Quando a infecção é controlada, os níveis de PCT diminuem rapidamente, com uma meia-vida de aproximadamente 24 horas. Essa rápida resposta faz da procalcitonina uma ferramenta valiosa para o diagnóstico precoce da sepse e para o monitoramento da eficácia do tratamento.

O aumento rápido dos níveis de PCT pode identificar a sepse antes que a disfunção orgânica se torne crítica. Sua redução ao longo do tratamento reflete o controle eficaz da infecção, auxiliando na decisão clínica de reduzir ou interromper a terapia com antibióticos.

Vantagens da Procalcitonina

A procalcitonina possui várias vantagens como biomarcador:

  • Alta especificidade para infecções bacterianas: A PCT é mais específica para infecções bacterianas graves em comparação com outros marcadores inflamatórios, como a proteína C-reativa (PCR) ou a contagem de leucócitos.
  • Diferenciação entre infecções bacterianas e não bacterianas: A PCT aumenta principalmente em infecções bacterianas sistêmicas e é menos influenciada por infecções virais ou inflamações não infecciosas, como doenças autoimunes.
  • Monitoramento da gravidade da infecção: Níveis elevados de PCT estão correlacionados com a gravidade da sepse, o que auxilia na avaliação da progressão da doença e da resposta ao tratamento.

Limitações da Procalcitonina

Apesar de ser um marcador útil, a procalcitonina não está isenta de limitações. Certas condições não infecciosas, como queimaduras extensas, traumas graves e cirurgias maiores, podem elevar os níveis de PCT. Além disso, em algumas infecções virais graves, os níveis de PCT podem permanecer baixos, limitando sua utilidade em certos contextos clínicos.

Conclusão

A procalcitonina é um biomarcador eficaz para o diagnóstico precoce e o monitoramento da sepse devido à sua rápida cinética e alta especificidade para infecções bacterianas. Seu uso clínico permite diferenciar infecções bacterianas de outros processos inflamatórios e monitorar a resposta ao tratamento, sendo uma ferramenta valiosa no manejo de pacientes sépticos. No entanto, a interpretação dos níveis de PCT deve sempre ser realizada no contexto clínico, considerando condições que possam interferir em sua produção​​​.

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Referências

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Bioquímica clínica para o laboratório- princípios e interpretações J Valter T. Motta.- 5.ed.- Rio de Janeiro: MedBook, 2009.

SNEHA, Latha et al. Perfil de neutropenia febril em pacientes com câncer infantil e a utilidade clínica da procalcitonina e da proteína C-reativa na identificação de infecções graves. Sri Ramachandra Journal of Health Sciences , v. 2, n. 2, p. 61-65, 2023.