Sangue Dourado: consequências à saúde do portador

O sistema circulatório humano é responsável por transportar sangue por todo o organismo, permitindo o fornecimento de nutrientes, oxigênio, hormônios e células de defesa essenciais para a manutenção da vida. 

Este, por sua vez, contém as hemácias, famosas pelo transporte de gases e pelo sistema ABO e outros antígenos eritrocitários.

Imagem representativa do sangue dourado. Fonte: acervo pessoal

Sistema ABO

O sangue pode ser classificado de acordo com sistemas de grupos sanguíneos, sendo o sistema ABO um dos mais importantes na medicina clínica e transfusional. Descoberto no início do século XX pelo cientista austríaco Karl Landsteiner.

Cabe ressaltar, que as transfusões sanguíneas, envolvem a compatibilidade dos grupos sanguíneos.  O sistema ABO, juntamente com outros como Rh, Kidd, Kell, Duffy, entre outros, garante essa condição ao classificar o sangue com base na presença ou ausência de antígenos nas membranas dos eritrócitos. Esses antígenos, por sua vez, são compostos por glicoproteínas, glicolipídios ou lipoproteínas e atuam como marcadores antigênicos. Dessa forma, desempenham um papel crucial no reconhecimento das células pelo sistema imunológico, contribuindo, assim, para a prevenção de rejeições.

As transfusões de sangue, além de salvarem vidas em emergências, são fundamentais no tratamento de doenças crônicas e agudas, como anemias, leucemias, e em cirurgias e quimioterapia. 

Contudo, para que esse processo seja seguro, é imprescindível a adoção de procedimentos rigorosos, desde a coleta de sangue até o recrutamento de doadores, acompanhados de testes sorológicos para minimizar os riscos de reações imunológicas, aumento de coágulos ou transmissão de doenças.

Sistema Rh

Descoberto em 1940 pelos pesquisadores Landsteiner e Wiener, o sistema Rh é o segundo mais comum em transfusões sanguíneas e é altamente polimórfico e imunogênico, ou seja, apresenta uma grande variedade genética e pode induzir respostas imunes.

Sua importância se destaca, pois está frequentemente envolvido em reações transfusionais e pode causar complicações em casos de incompatibilidade, como em transfusões ou durante a gravidez.

Sangue Dourado ou Rh Nulo

O Rh nulo, também conhecido como sangue dourado, é considerado o tipo sanguíneo mais raro do mundo, com estimativas que apontam menos de 50 pessoas em todo o planeta. 

Este tipo sanguíneo é chamado de “dourado” devido à sua raridade, e ocorre quando os glóbulos vermelhos não apresentam nenhum antígeno Rh. Embora esse sangue seja considerado extremamente valioso, devido à sua elevada compatibilidade, também traz grandes riscos para quem o possui. 

Isso ocorre porque, em caso de necessidade de transfusão, o portador de sangue Rh nulo só pode receber sangue de alguém com o mesmo tipo, o que torna a situação bem complicada, já que esse tipo sanguíneo é altamente difícil de ser encontrado.

Detectado pela primeira vez em 1961, em uma mulher australiana, o Rh nulo foi registrado poucas vezes no mundo.  Dessa forma, os casos de Rh nulo representam uma grande singularidade no estudo dos tipos sanguíneos e exigem cuidados especiais, principalmente em situações de transfusão. 

Consequências de Portadores do Sangue Dourado

O Rh nulo pode causar diversas anomalias nas células sanguíneas, uma vez que há ausência da glicoproteína Rh na membrana dos eritrócitos. Essa falta de proteína, por sua vez, prejudica a estrutura dos glóbulos vermelhos, tornando-os, consequentemente, mais propensos à destruição.

A raridade do sangue dourado, além de ser uma característica genética única, traz consigo um risco aumentado de anemias hemolíticas leves a moderadas, principalmente devido à fragilidade dos glóbulos vermelhos. Essa condição se manifesta, entre outros aspectos, na destruição acelerada dessas células, bem como em alterações morfológicas — como eliptocitose, esferocitose e equinocitose — além de uma maior fragilidade osmótica.

Além disso, a ausência dos antígenos Rh, característica desse tipo sanguíneo, resulta em menor sobrevida celular e maior propensão aos quadros anêmicos nesses casos. 

Problemas além da anemia em portadores do sangue dourado

A ausência do complexo Rh também afeta outras funções do organismo, como o transporte de amônia e gases como oxigênio e dióxido de carbono. Ademais, pessoas com Rh nulo podem formar anticorpos muito reativos, que podem causar reações transfusionais graves e doenças hemolíticas perinatais, colocando esses indivíduos em risco em caso de transfusão ou durante a gestação. Por isso, o Rh nulo se torna uma característica com implicações sérias para a saúde dos portadores.

Conclusão

Em conclusão, o Rh nulo, embora raro, apresenta sérios desafios para os portadores. Devido à ausência de antígenos Rh nas hemácias, há um impacto direto na estrutura celular, o que, por sua vez, torna as transfusões um risco, visto que há grande dificuldade em encontrar sangue compatível. Dessa forma, os portadores do chamado “sangue dourado” exigem cuidados especiais e acompanhamento médico constante para evitar complicações.

Portanto, o estudo e a compreensão do Rh nulo são essenciais para garantir a saúde e o tratamento adequado dessas pessoas, reforçando a importância da pesquisa genética e das tecnologias de transfusão como ferramentas fundamentais para lidar com esse tipo sanguíneo tão raro e complexo.

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Referências:

BATISSOCO, Ana Carla; NOVARETTI, Marcia Cristina Zago. Aspectos moleculares do sistema sangüíneo ABO. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 25, p. 47-58, 2003.

AMPARENSE-UNIFIA, CENTRO UNIVERSITÁRIO; TAMELINI, VALESKA DARÉ. Sistema ABO e sua relação transfusional e fator de coagulação, 2023.

Já ouviu falar no “sangue dourado”? É um fator Rh que pode ser doado para todos os outros e, por isso, salvar muitas vidas. Disponível em: <https://www.posgraduacaounincor.com.br/noticias/456/ja-ouviu-falar-no-sangue-dourado-e-um-fator-rh-que-pode-ser-doado-para-todos-os-outros-e-por-isso-salvar-muitas-vidas>. Acesso em: 4 abr. 2025.

TODARO, M. P. Existência do Rh Nulo Sangue de Dourado.Dissertação de Pós Graduação em Hematologia Clínica e Laboratorial. São José do Rio Preto, 2023.