SATELITISMO PLAQUETÁRIO

O hemograma é um dos exames mais solicitados na rotina laboratorial e fornece informações essenciais sobre as células do sangue. No entanto, algumas interferências podem levar a interpretações erradas, como o satelitismo plaquetário.

Esse fenômeno pode causar falsas plaquetopenias, confundindo a análise dos resultados e levando a investigações desnecessárias. Saber identificá-lo é fundamental para evitar erros e garantir a precisão diagnóstica.

Esfregaço sanguíneo apresentando satelitismo plaquetário. Fonte: CellWiki

O satelitismo plaquetário ocorre quando as plaquetas se aderem aos leucócitos, principalmente neutrófilos, formando pequenos aglomerados. Esse fenômeno pode ser observado no esfregaço sanguíneo e interfere na contagem automatizada de plaquetas.

Como consequência, os equipamentos podem interpretar erroneamente as plaquetas aderidas como parte dos leucócitos, resultando em uma contagem plaquetária falsamente reduzida no hemograma, fenômeno conhecido como pseudotrombocitopenia.

Por que isso acontece?

A principal causa do satelitismo plaquetário está relacionada ao uso do EDTA como anticoagulante. Essa substância pode modificar proteínas da membrana das plaquetas e dos leucócitos, expondo glicoproteínas que interagem com autoanticorpos do tipo IgG. Esse processo promove a adesão das plaquetas aos leucócitos, formando as chamadas rosetas plaquetárias, visíveis ao microscópio.

Além do EDTA, outros fatores podem contribuir para esse fenômeno:
Presença de autoanticorpos antiplaquetários que favorecem a adesão;
Modificações na membrana plaquetária induzidas pelo EDTA;
Alterações nos neutrófilos, que facilitam essa ligação.

É importante destacar que esse fenômeno acontece apenas in vitro, ou seja, não reflete uma condição real no organismo do paciente.

O satelitismo plaquetário tende a se intensificar com o tempo de exposição ao EDTA e é mais ativo em temperaturas abaixo de 25°C. Além disso, sua ocorrência é mais comum em pacientes com doenças autoimunes, doenças hepáticas e certos tipos de câncer, como a leucemia linfoide crônica.

Como corrigir essa interferência?

Quando o satelitismo plaquetário é identificado, é possível minimizar seus efeitos e obter uma contagem de plaquetas mais precisa por meio de duas abordagens:

  • Aquecimento da amostra: Aquecer o sangue a 37°C por cerca de 30 minutos pode reduzir a aderência das plaquetas aos neutrófilos, melhorando a precisão da contagem;
  • Recoleta com citrato de sódio: Em casos mais persistentes, recomenda-se a recoleta da amostra utilizando citrato de sódio (3,2%) como anticoagulante e realizar a análise logo após a coleta.

Ao utilizar citrato de sódio, é necessário corrigir a contagem de plaquetas devido à diluição causada pelo anticoagulante. Para isso, deve-se multiplicar o valor obtido por 1,1 (acréscimo de 10%).

Exemplo:
Se a contagem plaquetária no tubo com citrato foi 170.000/mm³, o valor ajustado será:

170.000 x 1,1 = 187.000/mm³     

Valor final a ser reportado no laudo: 187.000/mm³

IMPORTÂNCIA DA IDENTIFICAÇÃO CORRETA

O satelitismo plaquetário pode comprometer a interpretação dos exames laboratoriais, impactando diretamente a conduta médica. Estima-se que a pseudotrombocitopenia ocorra em cerca de 0,1% dos hemogramas diários. Em laboratórios que processam mil exames por dia, isso representa ao menos um caso diário de possível interferência.

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Referências:

DA SILVA, Paulo Henrique et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Porto Alegre: Artmed Editora, 2015.

SILVA, L. M. et al. Pseudotrombocitopenia: incidência e estratégia para resolução em laboratório de análises clínicas. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 53, n. 6, p. 388-392, 2017.

SOUZA, E. F. et al. Satelitismo plaquetário – uma causa pouco conhecida de pseudotrombocitopenia. Hematology, Transfusion and Cell Therapy, v. 46, p. S157, 2024.