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Tireoide: testes laboratoriais e diagnóstico de disfunções

A tireoide desempenha um papel crucial no organismo, localizando-se na parte anterior do pescoço. Sua função principal é regular o metabolismo corporal através dos hormônios que produz. Neste artigo, exploraremos as disfunções da tireoide e o papel dos exames laboratoriais realizados pelo analista clínico no diagnóstico de patologias que afetam essa glândula.

Antes da tireoide temos a hipófise

Para que a tireoide trabalhe adequadamente, é necessária a atuação da hipófise, outra glândula, esta sintetiza o hormônio estimulador da tireoide, também conhecido como TSH. Esse hormônio é responsável por estimular e regular a produção de triiodotironina (T3) e tiroxina (T4).

O TSH é produzido pela hipófise e estimula a produção de T3 e T4 através de um mecanismo de feedback negativo.

Quando os níveis de T3 e T4 produzidos pela tireoide estão baixos, ocorre a ativação do complexo hipotálamo-hipófise, estimulando a produção e liberação do TSH com consequente elevação de T3 e T4, essa elevação leva a uma redução da liberação de TSH pela hipófise, que causa a queda de estimulação, gerando elevações em pulsos dos hormônios tireoidianos.

Síntese dos hormônios tireoidianos

A síntese dos hormônios tireoidianos requer iodo. O iodo, ingerido na alimentação e na água como iodeto, é ativamente concentrado pela tireoide e convertido em iodo orgânico por uma reação de organificação dentro das células foliculares pela peroxidase tireoidiana.

As células foliculares circundam um espaço, ou folículo, preenchido por um coloide, que consiste em tireoglobulina, uma glicoproteína que contém tirosina em sua matriz. A tirosina em contato com a membrana das células foliculares é iodada em 1 (monoiodotirosina) ou 2 (di-iodotirosina) locais e depois acoplada para produzir 2 formas de hormônio tireoidiano.

  • Di-iodotirosina + di-iodotirosina → T4
  • Di-iodotirosina + monoiodotirosina → T3

A imagem abaixo mostra um esquema de síntese dos hormônios tireoidianos.

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O T3 possui uma particularidade de formação, a maior parte de sua síntese não vem de produção tireoidiana e sim de uma monodesiodação em sangue periférico, que converte T4 em T3.

Apenas a forma livre tem função metabólica.

Os hormônios sintetizados e liberados na corrente sanguínea, se ligam a algumas proteínas carreadoras.

A principal delas é a globulina ligadora tiroxina (GLT) que se liga tanto ao T4 como ao T3, com alta afinidade e baixa capacidade de ligação, carreando aproximadamente 75% das moléculas.

Ainda temos a pré-albumina de ligação a tiroxina, a transtiretina, que também tem alta afinidade, mas baixa capacidade de ligação ao T4.

A albumina, possui baixa afinidade e alta capacidade de ligação aos hormônios.

Todo esse cenário de proteínas carreadoras deixa apenas 0,3% de T3 e 0,03% de T4 livre para as funções metabólicas na corrente sanguínea.

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Disfunções da tireoide

As disfunções da tireoide são caracterizadas pelo aumento, diminuição ou disfunção dos hormônios produzidos por essa glândula, sendo denominadas hipertireoidismo e hipotireoidismo, respectivamente.

O hipotireoidismo é marcado pela deficiência na produção ou disfunção de T3 e T4. A escassez desses hormônios resulta em desaceleração do metabolismo e provoca sintomas como fadiga, ganho de peso, constipação, espessamento da pele, cabelos finos e ralos, apneia e bradicardia, entre outros.

A tireoidite de Hashimoto é responsável pela maioria dos casos de hipotireoidismo, deficiência de iodo, drogas que afetam a síntese dos hormônios tireoidianos e doenças infiltrativas.

No caso das tireoidectomias o quadro é específico do quadro, mas quando radical a produção cessa e forma o quadro de hipotiroidismo secundário. 

Por outro lado, o hipertireoidismo é caracterizado pelo aumento na produção de hormônios tireoidianos, acelerando o metabolismo do paciente e resultando em sintomas como perda de peso, tremores, sudorese, frequência cardíaca irregular, ansiedade e insônia. É importante ressaltar que a doença de Graves é responsável pela maioria dos casos de hipertireoidismo.

Diagnóstico laboratorial

O painel de exames para a tireoide possui exames diretos e indiretos da função da glândula e de situações correlatas.

A dosagem de TSH é a melhor maneira de diagnosticar o hipotireoidismo e hipertireoidismo. Quando os níveis de TSH estão dentro da faixa esperada, normalmente não é necessário realizar a dosagem de T3 e T4 livre.

Se a dosagem de TSH estiver acima do esperado, indica que a hipófise está tentando estimular e aumentar a produção de T3 e T4, indicando um quadro de hipotireoidismo. Nesse caso, a dosagem de T4 livre é necessária para determinar a gravidade da condição.

Por outro lado, se a dosagem de TSH estiver abaixo do esperado, indica que a hipófise está tentando diminuir a produção de T3 e T4 pela tireoide, indicando um quadro de hipertireoidismo. Nesse caso, também é necessário determinar os níveis de T4 para avaliar a gravidade da condição.

Os níveis séricos de TSH podem estar falsamente baixos em pessoas muito enfermas, especialmente naqueles que recebem glicocorticoides ou dopamina.

A dosagem de T4 reflete a fração ligada e livre, quando ocorre variação nas concentrações das proteínas carreadoras, o T4 total muda proporcionalmente sem que que a fração livre sofra obrigatoriamente alterações conjuntas.

A dosagem de T3 é similar à do T4 e sofre as mesmas situações, sua principal função é a avaliação da tireotoxicose.

A dosagem de globulina ligante de tiroxina (TBG) fornece esclarecimento sobre a ligação aos hormônios tireoidianos, apresentando aumento durante a gestação, por terapia com estrogênio ou uso de contraceptivo oral com estrogênio-progestina, e na fase aguda da hepatite infecciosa. A diminuição é comum em doenças que diminuem a síntese de proteínas pelo fígado, uso de esteroides anabolizantes, a síndrome nefrótica e uso excessivo de corticoides.

Concluímos que é fundamental compreender o funcionamento da tireoide para entender as disfunções relacionadas a ela e as alterações laboratoriais que podem ocorrer, permitindo um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz para o paciente.

Referências

HU UFSC – Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina. Protocolo de Hipotireoidismo no Adulto [Internet]. Florianópolis, Brasil: Setor de Endocrinologia do Hospital Universitário da UFSC; 2015 Jan [acesso em 13 de julho de 2023].

AMB – Associação Médica Brasileira. Hipotireoidismo: diagnóstico [Internet]. São Paulo, Brasil: AMB; [s.d.] [acesso em 13 de julho de 2023]. Disponível em: https://amb.org.br/files/ans/hipotireoidismo-diagnostico.pdf

Valente, Orsine. “Rastreamento diagnóstico das principais disfunções da tireoide.” Diagn Trat [Internet] 18 (2013).

Parker, Steve. (2007). Human Body Book. Grã-Betanha. Ciranda Cultural. 

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