TP TTPA e TT

TP, TTPA e TT: Interpretando Testes de Coagulação

Os testes de coagulação, Tempo de Protrombina (TP), Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA) e Tempo de Trombina (TT), são ferramentas de triagem para avaliar a eficiência do sistema de coagulação sanguínea. A interpretação desses testes requer compreensão dos processos envolvidos e consideração cuidadosa de fatores clínicos.

TP TTPA e TT

Tempo de Protrombina (TP):

Avalia a via extrínseca e comum da coagulação. A funcionalidade está vinculada à integridade dos fatores VII, X, V, II (protrombina), I (fibrinogênio). O procedimento envolve a introdução de tromboplastina (fator tecidual) e, em seguida, a medição do tempo de coagulação. 

A tromboplastina ativa o fator VII, desencadeando a via extrínseca e resultando na formação do complexo protrombinase ancorado pela tromboplastina. Esse processo culmina na produção de trombina, que, por sua vez, atua sobre a molécula de fibrinogênio, dando origem à fibrina. A fibrina é posteriormente estabilizada pelo fator XIII.

– Interpretação:

– Prolongamento do TP pode indicar deficiências hereditárias nos fatores de coagulação (VII, X, V, II) ou adquiridas em problemas hepáticos, deficiência de vitamina K, coagulação intravascular disseminada ou uso de medicamentos. 

Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada (TTPA):

Avalia a via intrínseca e comum da coagulação. É empregado como um teste de triagem para identificar deficiências de fatores, detecção de inibidores e acompanhamento da administração de heparina não fracionada.

Quando uma mistura de plasma e fosfolipídeo (substituto da plaqueta) é recalcificada, a formação da fibrina ocorre, dependendo dos fatores presentes tanto na via intrínseca (pré-calicreína, cininogênio de alto peso molecular, fatores VIII, IX, XI e XII) quanto na via comum. O TTPA é conduzido pela adição de tromboplastina parcial, conhecida como cefalina, que atua como um ativador da via intrínseca, sendo uma substância carregada negativamente. Posteriormente, o cloreto de cálcio é introduzido, e o tempo necessário para a formação do coágulo é mensurado.

  – Interpretação: 

Se o TTPA estiver prolongado enquanto o TP permanecer normal, isso sugere a possibilidade de deficiência nos fatores VIII, IX, XI, XII, cininogênio de alto peso molecular ou pré-calicreína, ou ainda a presença de um inibidor na via intrínseca.

Utilizado para monitorar eficácia da heparina.

Tempo de Trombina (TT):

 Avalia a conversão de fibrinogênio em fibrina pela trombina. A adição de trombina ao plasma de teste é realizada para avaliar o tempo de coagulação. O período de coagulação, após a introdução de trombina no plasma, guarda uma relação inversamente proporcional com a concentração de fibrinogênio plasmático.

   – Interpretação:

     – Prolongamento pode indicar distúrbios na conversão do fibrinogênio e deficiência de fibrinogênio, como afibrinogenemia, hipofibrinogenemia (fibrinogênio plasmático <100 mg/dl) ou disfibrinogenemia.

     – Utilizado na avaliação da eficácia da heparina não fracionada.

Considerações Importantes:

– Valores de Referência: Variações podem ocorrer entre laboratórios, sendo essencial seguir os intervalos de normalidade específicos de cada instituição.

– Histórico Clínico: A interpretação deve considerar condições clínicas do paciente, medicações em uso e histórico de coagulopatias.

– Combinação de Testes: Em alguns casos, a combinação dos testes é necessária para uma avaliação abrangente da função coagulante.

Interpretar TP, TTPA e TT é fundamental na identificação de desequilíbrios no sistema de coagulação. Profissionais de saúde devem integrar resultados com dados clínicos, possibilitando diagnósticos precisos e estratégias terapêuticas adequadas. Esses testes desempenham um papel crucial em situações que requerem avaliação da coagulação, desde procedimentos cirúrgicos até investigação de distúrbios hemorrágicos, contribuindo para uma gestão eficaz da saúde hematológica.

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Referências:

SanarMed. Resumo de Coagulograma: Hemostasia, Defeitos, Avaliação Prática e Mais. Disponível em: https://www.sanarmed.com/resumo-de-coagulograma-hemostasia-defeitos-avaliacao-pratica-e-mais. Acesso em: 23 jan. 2024.

Ministério da Saúde. Manual Diagnóstico Laboratorial de Coagulopatias e Plaquetopatias. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_diagnostico_laboratorial_coagulopatias_plaquetopatias.pdf. Acesso em: 29 set. 2023.