A policromasia e sua importância clínica
A policromasia é um fenômeno observado em eritrócitos jovens (reticulócitos) na extensão sanguínea, a qual é caracterizada por uma coloração azul-acinzentada, que é resultado da captação de corantes básicos pelos resíduos de RNA ribossômico ainda presente nos reticulócitos e da captação da eosina pela hemoglobina.

Os reticulócitos são células imaturas formadas após a expulsão do núcleo do eritroblasto ortocromático, as quais passam em média 2 a 3 dias na medula óssea e 1 dia no sangue periférico antes de se tornarem eritrócitos maduros. À medida que os reticulócitos amadurecem, perdem os fragmentos de RNA ribossômico e adquirem coloração vermelha ou alaranjada, característica de hemácias maduras.
Como relatar a policromasia em laudo
A policromasia é observada em casos de atividade eritropoética intensa, ou seja, quando há o aumento da produção de hemácias como por exemplo durante o curso de anemias hemolíticas. Quando identificada, a policromasia deve ser quantificada e relatada no laudo do hemograma como “Presença de policromasia em (raros, moderados ou numerosos) eritrócitos” ou “Presença de policromasia (+, ++, +++ ou ++++)” levando sempre em consideração o contexto clínico.
Reticulócitos x policromasia
Apesar da relação entre policromia e reticulócitos, cabe ressaltar que a contagem de reticulócitos é o principal marcador de velocidade e capacidade de produção de eritrócitos viáveis na medula óssea, e pode ser realizada de forma automatizada pelos princípios de fluorescência ou absorção de luz, ou manualmente através de um esfregaço corado com azul-cresil-brilhante ou novo azul-de-metileno. Saiba como fazer uma boa análise de lâminas: https://atlasemhematologia.com.br/sem-categoria/07-passos-para-analisar-a-distensao-sanguinea-corretamente/

Em síntese, a policromasia é indicativa do aumento da produção eritrocitária, a qual deve ser confirmada através da contagem de reticulócitos. O reconhecimento da sua importância clínica é essencial para a interpretação correta dos resultados laboratoriais e para o tratamento adequado de pacientes com anemia e outras manifestações hematológicas.
Referências:
- OLIVEIRA, Raimundo A. G. Hemograma: Como fazer e interpretar. 2ª. ed. São Paulo: Red Publicações, 2015.
- FAILACE, Renato. Hemograma: manual de interpretação. 6ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
- BAIN, Bárbara J. Células sanguíneas: Um guia prático. 5ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.