Desvio à esquerda na contagem de leucócitos

O termo “desvio à esquerda” é utilizado na medicina laboratorial quando há presença de precursores hematopoiéticos imaturos em uma amostra de sangue periférico. No Brasil, esse termo é culturalmente referido aos precursores da linhagem granulocítica, enquanto em outros países o desvio à esquerda também pode estar relacionado a outras linhagens sanguíneas. O termo desvio à esquerda originou na década de 50 quando a contagem diferencial dos leucócitos ainda era realizada manualmente. Nessa época a contagem diferencial dos 100 leucócitos era feita com o auxílio de tabelas padronizadas, as quais continham colunas que representavam cada tipo celular conforme a sua escala maturativa.

Como fazer a contagem global de leucócitos na lâmina: https://atlasemhematologia.com.br/dica-do-atlas/dica-do-atlas-contagem-global-de-leucocitos-na-lamina

Blasto

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A escala maturativa é montada de forma que as células mais imaturas fiquem primeiro que as mais maduras, sempre na ordem da esquerda para a direita. A escala maturativa dos neutrófilos, por exemplo, é formadapelos blastos, promielócitos, mielócitos, metamielócitos, bastões e segmentados como mostrado na figura abaixo. Na hematologia, existem duas definições relacionadas ao desvio à esquerda. A primeira considera o desvio à esquerda quando o número de bastões no sangue periférico está acima do valor de referência. Já a segunda define o desvio à esquerda como a presença de precursores granulocíticos anteriores aos bastões na análise do sangue periférico, sendo esta a definição mais utilizada.

Promielócito

Desvio à esquerda escalonado

Além disso, o desvio à esquerda pode ser classificado como escalonado e não escalonado. O desvio à esquerda escalonado, como o próprio nome diz, as células imaturas aparecem no sangue periférico em uma sequência organizada e mantendo a sua proporção hierárquica de maturação. Isso significa que a porcentagem de células mais imaturas é menor do que a de células maduras sucessoras, demonstrando um aumento da produção de células sanguíneas de maneira controlada e organizada. 

Mielócito

A presença de 3% de mielócitos, 4% de metamielócitos, 5% de bastões e 70% de segmentados, por exemplo, é considerada um desvio à esquerda escalonado. Nota-se que a quantidade de mielócito (célula mais imatura) é menor do que a quantidade de metamielócito (célula mais madura sucessora) e, da mesma forma, a quantidade de metamielócito é menor do que a quantidade de bastão.

Metamielócito

Desvio à esquerda não escalonado

Por outro lado, o desvio à esquerda não escalonado é caracterizado pela presença das células imaturas de forma desordenada, ou seja, sem uma proporção hierárquica de maturação. Nesse caso, a porcentagem de células imaturas pode ser maior do que a de células maduras sucessoras, como por exemplo 6% de mielócito, 0% de metamielócito, 1% de bastão e 70% de segmentado. Observa-se que a porcentagem de mielócito (célula mais imatura) é maior do que a de metamielócito e bastão (células maduras sucessoras), ou seja, não houve o escalonamento celular.

Bastonete

O desvio à esquerda pode ser encontrado em casos de infecções e inflamações graves, gestação, hipóxia, choque, leucemias mieloides, policitemia vera, trombocitemia essencial, mielofibrose primária etc. Além disso, o mesmo pode estar aliado a outras alterações importantes como a presença de granulação tóxica, vacuolização, displasias, inclusões citoplasmáticas e alterações quantitativas e morfológicas das linhagens eritrocitária e plaquetária, as quais devem ser notificadas no laudo. Uma vez presente no esfregaço sanguíneo periférico, o desvio a esquerda deve ser contextualizado com a clínica do paciente e se necessário notificado ao médico responsável e liberado o mais rápido possível.

Neutrófilo segmentado

Por fim, é importante ressaltar que o domínio do conhecimento morfológico das células e a contagem diferencial das mesmas estão rigorosamente relacionados ao direcionamento do diagnóstico, tratamento e prognóstico dos pacientes, e por isso é imprescindível que sejam realizados de forma correta.

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Referências

  1. BAIN, Bárbara J. Células sanguíneas : um guia prático. 5ª. ed. Porto Alegre : Artmed, 2016.
  2. OLIVEIRA, Raimundo A. G. Atlas de hematologia. 1ª. ed. São Paulo: Livraria Médica Paulista Editora, 2014. 
  3. FAILACE, Renato. Hemograma: manual de interpretação. 6ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015. 
  4. MAC QUEEN, B. C., et al. Comparing automated vs manual leukocyte differential counts for quantifying the ‘left shift’ in the blood of neonates. Journal of perinatology. v. 36. n. 10. p. 843-848, 2016.
  5. HONDA, T., et al. Neutrophil left shift and white blood cell count as markers of bacterial infection. Clim Chim Acta. v. 1. n. 457. p. 46-53, 2016.

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