Função Renal: Marcadores Bioquímicos e Diagnóstico de Disfunção Renal.
Os rins são órgãos cruciais para a saúde humana, possuindo o formato similar a um feijão e localizando-se bilateralmente na coluna vertebral, atrás do peritônio. Suas funções vitais incluem a filtragem do sangue, excreção de resíduos metabólicos, regulação de hidrogênio, sódio e potássio, além da síntese de eritropoetina, renina, prostaglandinas e a degradação de hormônios. Neste artigo, exploraremos em detalhes os marcadores bioquímicos que nos auxiliam na avaliação da função renal.
Função Renal: Marcadores Bioquímicos
A medida mais utilizada na avaliação da função renal é a Taxa de Filtração Glomerular (TFG), que é obtida por meio da dosagem de creatinina sérica . Entretanto, existem outros marcadores que também são empregados, como a inulina, iotalamato-I, ácido etilenodiaminotetra-acético-Cr, ácido dietilenotriaminopentaacético-Tc e iohexol 2.
Marcadores de Filtração Glomerular
Para ser considerado um marcador confiável da função renal, uma substância deve ser 100% filtrada pelos glomérulos, não sofrendo reabsorção nem secreção nos túbulos renais e mantendo sua concentração constante.
Creatinina
A creatinina é frequentemente utilizada para estimar a TFG, mas possui algumas limitações. Ela não é apenas filtrada, sendo também reabsorvida nos túbulos renais, o que a torna menos sensível para a detecção de disfunção renal em casos de doença renal crônica. Para corrigir essa questão, a medida de depuração de creatinina ou equações específicas são usadas para estimar a TFG com maior precisão.
Cistatina C
A cistatina C, por outro lado, demonstra poucas variações causadas por fatores externos, apresentando um ritmo relativamente constante, sendo excretada principalmente pela filtração glomerular. Além disso, seus níveis séricos não variam significativamente entre homens, mulheres e crianças, tornando-a uma possível substituta da creatinina como marcador da TFG.
Embora a ureia também seja utilizada, ela não é precisa para avaliar a TFG, pois sua produção não possui um ritmo estável, sofre reabsorção tubular e é influenciada pela alimentação do indivíduo.
Proteinúria e Microalbuminúria
Além da TFG, a dosagem da proteinúria e microalbuminúria é importante para identificar precocemente lesões renais, como na nefropatia diabética. Para rastrear doenças renais, é possível testar a presença de proteínas ou albumina em uma única amostra isolada de urina, o que torna o procedimento mais prático. No entanto, a variação na diluição da urina entre diferentes amostras requer a introdução de correções para ajustar essas variações, dependendo da finalidade do teste.
Uma abordagem comum é a dosagem da creatinina na mesma amostra de urina, resultando em uma relação proteína/creatinina ou albumina/creatinina, que avalia com maior precisão a presença de proteinúria ou albuminúria, levando em conta as diferenças na diluição da urina. Essa correção ajuda a obter resultados mais confiáveis e relevantes para o diagnóstico e monitoramento da saúde renal.
Uma das aplicações mais importantes do exame de microalbuminúria é a detecção precoce de doença renal em pacientes com Diabetes Mellitus. Estima-se que de 20 a 40% dos indivíduos portadores de diabetes tipo 1 e 2 desenvolvem comprometimento renal, evidenciado por uma progressiva perda de albumina na urina, além de uma deterioração na taxa de filtração glomerular.
Embora os exames utilizados para avaliar a função renal não sejam capazes de definir a etiologia das lesões renais ou suas características específicas, eles constituem uma etapa fundamental para identificar e monitorar disfunções renais, permitindo que exames complementares sejam utilizados para obter informações mais detalhadas.
Referências
PORTO, Janaína Rodrigues et al. Avaliação da função renal na doença renal crônica. RBAC, v. 49, n. 1, p. 26-35, 2017.
KIRSZTAJN, Gianna Mastroianni. Avaliação de função renal. J. Bras. Nefrol., v. 31, n. 1 suppl. 1, p. 14-20, 2009.