Hemoglobina Glicada: Monitorização do Controle Glicêmico
O diabetes é uma condição clínica que afeta aproximadamente 7% da população mundial e pode levar a outras doenças. Por isso, métodos eficientes de monitoramento são de extrema importância. Nesse contexto, a Hemoglobina Glicada (HbA1c) surge como o teste mais indicado para acompanhar o diabetes, o tratamento e o risco de complicações crônicas.
Hemoglobina Glicada ou Glicose para Monitoramento?
A simples dosagem de glicose sanguínea não é suficiente para monitorar o paciente diabético em longos períodos, uma vez que pode sofrer grandes flutuações em curto espaço de tempo. Por outro lado, a Hemoglobina Glicada sofre pequenas oscilações em um período muito maior, o que oferece informações valiosas sobre o índice retrospectivo da glicose plasmática, sendo especialmente relevante para avaliar o risco e complicações em pacientes com DM tipo 1 e 2.
Entendendo a HbA1c
A Hemoglobina Glicada (HbA1c) é formada a partir de uma ligação irreversível entre a glicose presente no sangue e o aminoácido valina N-terminal da cadeia beta da globina A não dependente de ATP, representando cerca de 80% da fração das hemoglobinas A1. Em uma pessoa não diabética, os níveis de hemoglobina glicada geralmente variam de 4% a 6%. Entretanto, pacientes diabéticos podem apresentar níveis até três vezes superiores ao considerado normal. Níveis de HbA1c acima de 7% estão associados a um risco maior de complicações crônicas, indicando a necessidade de revisão do esquema terapêutico adotado.
Monitoramento do Nível de Hemoglobina Glicada
A Hemoglobina Glicada reflete a média ponderada dos níveis glicêmicos dos últimos 60 a 90 dias antes do exame, levando em conta a significativa contribuição da glicose dos últimos 30 dias (cerca de 50% da HbA1c) e dos níveis glicêmicos dos últimos dois a quatro meses (aproximadamente 25%). Esse cálculo abrange todas as hemácias circulantes no organismo, desde as mais antigas (com até 120 dias) até as mais recentes.
Importância da Dosagem da HbA1c
A dosagem da HbA1c deve ser realizada rotineiramente em pacientes afetados pelo DM. Todos os pacientes diabéticos devem fazer o exame pelo menos duas vezes ao ano. No entanto, aqueles que apresentarem alterações no esquema terapêutico ou não atingirem os níveis desejados devem fazê-lo a cada 3 meses. É fundamental que os laboratórios clínicos estejam preparados para fornecer resultados precisos e confiáveis na análise da HbA1c, a fim de auxiliar os profissionais de saúde na prevenção de complicações crônicas decorrentes do diabetes mellitus.
Referências
BEM, Andreza Fabro de; KUNDE, Juliana. A importância da determinação da hemoglobina glicada no monitoramento das complicações crônicas do diabetes mellitus. Jornal Brasileiro de Patologia e Medicina Laboratorial, v. 42, p. 185-191, 2006.
MOTTA, V.T. Bioquímica Clínica para o Laboratório: Princípios e Interpretações. 5ª ed. Rio de Janeiro: Medbook, 2009.