Alterações Laboratoriais na Leptospirose
A leptospirose é uma zoonose causada por bactérias do gênero Leptospira, transmitida principalmente pelo contato com a urina de animais infectados ou ambientes contaminados, como água e lama. Essa doença é frequentemente associada a condições de saneamento precário e períodos de enchentes, que aumentam significativamente o risco de exposição, especialmente em áreas urbanas densamente povoadas.
No Brasil, a leptospirose representa um importante desafio para a saúde pública, agravado pela infraestrutura sanitária inadequada e pela grande presença de reservatórios animais, como ratos, cães, bovinos e suínos.
Dada sua ampla disseminação e impacto na saúde da população, é essencial conhecer as principais alterações laboratoriais associadas à leptospirose.
Aspectos Clínicos na Leptospirose:
A sintomatologia da leptospirose varia amplamente, desde casos assintomáticos até quadros graves e potencialmente fatais. A doença se divide em duas fases principais: a fase precoce, com duração de 4 a 9 dias, é caracterizada por febre alta, dores musculares intensas, especialmente nas panturrilhas, cefaleia, náuseas, vômitos e perda de apetite, podendo incluir conjuntivite e fotofobia.
Já a fase tardia, mais grave, inclui complicações como a síndrome de Weil, com icterícia, insuficiência renal e hemorragias, além de manifestações pulmonares severas, como hemorragia maciça e síndrome da angústia respiratória aguda (SARA). As manifestações hemorrágicas podem afetar múltiplos sistemas, tornando a leptospirose uma condição de manejo clínico desafiador.
Alterações Laboratoriais em pacientes acometidos por leptospirose:
Hematológicas:
Leucocitose com Neutrofilia e Desvio à Esquerda:
- Frequente na fase tardia da doença.
- O leucograma auxilia no diagnóstico a partir do terceiro dia de sintomas.
- Em casos graves, como nas formas ictéricas, a contagem de leucócitos pode atingir até 50.000/µL, diferenciando a leptospirose de infecções virais agudas.
Anemia Intensa:
- Geralmente normocrômica, associada à hemólise intravascular.
- Provoca elevação da bilirrubina sérica, com níveis que variam de <20 mg/dL até 40 mg/dL em infecções graves.
- Redução progressiva de hemoglobina (Hb) e hematócrito (Ht) pode ser um indicativo precoce de sangramento pulmonar, mesmo sem sinais de hemorragia externa.
Trombocitopenia:
- Comum na fase tardia, especialmente em pacientes com Síndrome de Weil.
- Associada a manifestações hemorrágicas, como: Epistaxes (sangramentos nasais); Petéquias (pequenos pontos vermelhos na pele); Equimoses (manchas roxas maiores causadas por extravasamento de sangue).
- Reflete o risco aumentado de complicações hemorrágicas graves.
Bioquímicas:
- Aumento da Bilirrubina total especialmente a fração direta(Conjugada).
- Gasometria Arterial com acidose metabólica e hipoxemia
- Elevação de ureia e creatinina
- Potássio normal ou diminuído (se tiver elevado indica pior prognóstico)
- Aumento de Creatinoquinase (CPK)
- Transaminases podem estar normais ou aumentadas, é comum a TGO aumentar mais que TGP
- GGT e Fosfatase Alcalina podem estar normais ou aumentadas
Outros achados laboratoriais:
- Redução na atividade de protrombina (AP) e o tempo de protrombina (TP) pode estar normal ou elevado.
- Sumário de urina pode apresentar proteinúria, hematúria microscópica e leucocitúria.
- Líquor com pleocitose linfomonocitária ou neutrofílica moderada (geralmente menor que 1.000 células/mm³). É frequente na segunda semana de progressão da doença, mesmo sem sinais de acometimento meníngeo.
O próximo passo de todo analista que deseja ter mais segurança na bancada
Todo analista que busca se destacar e se tornar um profissional mais atualizado, capacitado e qualificado para o mercado de trabalho precisa considerar uma pós-graduação.
Um profissional com especialização é valorizado na área laboratorial; esse é um fato inegável.
Unimos o útil ao agradável ao desenvolver uma pós-graduação em Hematologia Laboratorial e Clínica.
Para aqueles que procuram a comodidade de uma pós-graduação 100% online e ao vivo, sem abrir mão da excelência no ensino, temos a solução ideal.
Nossa metodologia combina teoria e prática da rotina laboratorial, garantindo um aprendizado efetivo.
Contamos com um corpo docente altamente qualificado, com os melhores professores do Brasil, referências em suas áreas de atuação.
No Instituto Nacional de Medicina Laboratorial, temos apenas um objetivo: mais do que ensinar, vamos tornar VOCÊ uma referência.
Toque no botão abaixo e conheça a pós-graduação em Hematologia Laboratorial e Clínica.
QUERO CONHECER TODOS OS DETALHES DA PÓS-GRADUAÇÃO
Referências:
BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Leptospirose: diagnóstico e manejo clínico. Brasília – DF, 2014.
COSTA, Everaldo et al. Formas graves de leptospirose: aspectos clínicos, demográficos e ambientais. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 34, p. 261-267, 2001.
DA SILVA, Paulo Henrique et al. Hematologia laboratorial: teoria e procedimentos. Artmed Editora, 2015.
NICODEMO, Antônio Carlos et al. Alterações hematológicas na leptospirose. Revista do Instituto de Medicina Tropical de São Paulo, v. 31, p. 71-79, 1989.
RIBEIRO, Ana Freitas. Leptospirose, avaliação de fatores prognósticos da doença, município de São Paulo, 2005. BEPA. Boletim Epidemiológico Paulista, v. 3, n. 28, p. 2-8, 2006.
SIMÕES, Luciana Senna et al. Leptospirose–revisão. PubVet, v. 10, n. 2, p. 138-146, 2016.