Métodos de coloração em microbiologia

Métodos de Coloração em Microbiologia

A microbiologia é a ciência que estuda organismos microscópicos, como bactérias, fungos e protozoários. Para analisar esses microrganismos e entender suas características estruturais, os analistas clínicos utilizam métodos de coloração. Essas técnicas de coloração permitem realçar as estruturas microbianas sob o microscópio, tornando-as visíveis para observação e estudo. Neste artigo, exploraremos os principais métodos de coloração em microbiologia e seu papel fundamental na pesquisa e diagnóstico microbiológico.

Métodos de Coloração Mais Comuns

Coloração de Gram: Criado em 1884, é o método de coloração amplamente usado na bacteriologia até os dias atuais e divide as bactérias em dois grandes grupos, sendo as Gram-negativas e as Gram-positivas. Essa coloração se baseia na estrutura da parede celular das bactérias.

  • Bactérias Gram-positivas, com suas múltiplas camadas de peptidoglicano e ausência de membrana lipoproteica externa, retêm o cristal violeta-lugol e adquirem uma coloração roxa.
  • Bactérias Gram-negativas, possuindo paredes celulares com camadas finas de peptidoglicano e uma camada lipoproteica externa, não retêm o cristal violeta-lugol. Quando expostas a álcool, descoram e são coradas com fucsina, tornando-se rosa.
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Coloração de Ziehl-Neelsen: É um método de coloração diferencial utilizado para identificar bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR). Esses bacilos possuem uma camada de ácidos micólicos que não permite a penetração de diversos corantes e deixa a parede celular hidrofóbica, resultando em uma resistência à ação dos reagentes álcool-ácidos. Esse tipo de coloração é amplamente utilizado em amostras de escarros para pesquisa de Mycobacterium tuberculosis.

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Outros Métodos de Coloração em Microbiologia

Coloração de Fontana Tribondeau: É uma técnica que utiliza prata para impregnar e tornar visíveis bactérias espiraladas extremamente finas, que não são coradas de forma adequada pelo método de Gram, como, por exemplo, Leptospira interrogans e treponemas. Quando essa técnica é aplicada, as espiroquetas tornam-se visíveis na cor marrom-escura ou negra sobre um fundo de cor amarelo-castanho ou marrom claro.

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Coloração de Albert-Laybourn: Essa técnica se baseia na presença de corpúsculos citoplasmáticos localizados nas extremidades das bactérias, conhecidos como corpúsculos metacromáticos ou corpúsculos de Babes Ernst, que reagem à coloração com Lugol forte, adquirindo uma tonalidade marrom. Isso cria um contraste com o corpo da bactéria, que é corado em verde-azulado pela solução de Laybourn. Essa peculiaridade é observada em corinebactérias e está associada aos sintomas clínicos típicos da difteria, tornando possível um diagnóstico presumível da doença por meio da microscopia óptica.

coloração em micro

Coloração de Wirtz-Conklin: A esporulação é um processo utilizado por certos grupos de bactérias para formar estruturas de resistência chamadas esporos, geralmente em resposta a condições ambientais desfavoráveis, como escassez de nutrientes, como carbono ou nitrogênio. Esses esporos assumem uma forma esférica ou ovóide e podem estar localizados dentro ou fora da célula bacteriana. Eles se formam quando uma dupla camada de membrana celular se dobra para envolver um cromossomo e uma pequena quantidade de citoplasma, garantindo a sobrevivência da espécie em condições adversas. Essa camada também confere resistência à coloração e proteção contra agentes físicos e químicos usados em processos de esterilização e desinfecção. Portanto, para corar os esporos, é necessário um longo período de exposição a um corante verde malaquita, juntamente com aquecimento, para superar essa barreira e obter uma coloração verde intensa nos esporos.

coloração em micro

A microbiologia desempenha um papel crucial no diagnóstico e tratamento de doenças, pois os resultados obtidos a partir da análise da morfologia bacteriana podem ser altamente informativos. Uma das técnicas mais comuns usadas em análises clínicas é a coloração de Gram, que classifica as bactérias em Gram-Positivas e Gram-Negativas. Essa classificação, realizada por profissionais treinados, é fundamental para iniciar o tratamento adequado com base nas orientações médicas, destacando a importância da microbiologia no cuidado com os pacientes.

Referências: 

TRENTO, ANGELO; MICROBIOLOGIA, COLORAÇÕES USADAS EM; SÃO JOSÉ, DO RIO PRETO. ACT–ACADEMIA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA.

CUNHA, Andréa Mendonça Gusmão (coord.). Análises Clínicas. 2. ed. Salvador: Editora Sanar, 2021. (Coleção Manuais de Farmácia, v.5). 

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