Mieloma múltiplo: Abordagem clínica e Diagnóstico Laboratorial
O mieloma múltiplo é uma neoplasia hematológica que se caracteriza pela proliferação descontrolada de células plasmáticas na medula óssea. O diagnóstico precoce e preciso é importante para a gestão eficaz desta doença. Neste artigo, abordaremos a clínica e o papel dos testes laboratoriais no diagnóstico do mieloma múltiplo.
Entendendo o Mieloma Múltiplo:
O mieloma múltiplo (MM) é uma neoplasia progressiva e incurável que afeta as células B da medula óssea. Nesse distúrbio, ocorre uma proliferação descontrolada e clonal de plasmócitos, que são responsáveis pela produção de imunoglobulina monoclonal (ou fragmento dela), conhecida como proteína M. À medida que a doença avança, diversas consequências fisiopatológicas se manifestam, incluindo destruição óssea, falência renal, supressão da hematopoese e um aumento no risco de infecções.
A etiologia do mieloma múltiplo ainda não está completamente esclarecida, mas parece estar relacionada a fatores genéticos, exposição à radiação ionizante, benzeno, doenças inflamatórias crônicas, terapia imunossupressora e doenças autoimunes.
Diagnóstico:
O mieloma múltiplo se divide em sintomático e assintomático e o diagnóstico se baseia nos critérios estabelecidos pela OMS.
– Mieloma sintomático: A detecção de Proteína M no soro ou na urina em níveis elevados, como IgG acima de 30 g/dL, IgA acima de 20 g/dL ou cadeias leves superiores a 1 g em uma urina de 24 horas, é um indicativo de mieloma múltiplo. Alguns pacientes com mieloma sintomático podem apresentar níveis mais baixos dessas proteínas.
Além disso, é comum encontrar uma presença significativa de plasmócitos clonais na medula óssea, geralmente representando mais de 10% das células nucleadas, ou a presença de plasmocitoma(s) em locais extramedulares. O diagnóstico é agravado quando há comprometimento relacionado a órgãos ou tecidos, manifestando-se através de condições como hipercalcemia, insuficiência renal, anemia, lesões ósseas, amiloidose, hiperviscosidade ou infecções recorrentes.
– Mieloma assintomático: Os pacientes têm uma probabilidade de 10% ao ano, nos primeiros 5 anos, de progredir para o mieloma múltiplo sintomático ou desenvolver amiloidose. Isso ocorre quando são observados critérios como a presença de Proteína M no soro ou na urina em quantidades elevadas, como IgG acima de 30 g/dL, IgA acima de 20 g/dL ou cadeias leves superiores a 1 g em uma urina de 24 horas, juntamente com a identificação de 10% ou mais de plasmócitos clonais na medula óssea. É importante ressaltar que essa progressão ocorre na ausência de qualquer comprometimento relacionado a órgãos ou tecidos.
Exames Laboratoriais no Mieloma Múltiplo:
Biópsia e aspirado de medula óssea: Recomendados para identificar e quantificar os plasmócitos morfologicamente e por imunofenótipo (CD138+), esses podem ser observados em camadas ou aglomerados.
Hemograma: Apresenta anemia normocítica e normocrômica, podendo ou não ter leucopenia, trombocitopenia e presença de eritroblastos, também é possível observar a formação de rouleaux devido a paraproteína e presença de granulação tóxica nos neutrófilos.
– Proteínas séricas: Os níveis se apresentam elevados e com aumento das globulinas e hipoalbuminemia.
– Os níveis de cálcio se encontram elevados devido à desidratação, desmineralização óssea e disfunção tubular renal. Os níveis de ácido úrico também podem estar elevados, bem como o VHS.
– A eletroforese proteínas na urina revela a presença da proteína M (Bence Jones) e a eletroforese de proteínas no soro apresenta uma proteína monoclonal.
– Na imunofenotipagem os plasmócitos neoplásicos possuem características específicas quando analisados por marcadores de superfície, sendo CD138+, CD38high, CD19–, CD56+ em uma faixa de 60% a 80%, e CD79a+. Além disso, esses plasmócitos também podem ocasionalmente apresentar uma expressão anormal de marcadores como CD117, CD20, CD52, CD10, e em algumas situações, marcadores mieloides e monocíticos. Em certos casos, a presença de uma translocação t(11,14) pode ser identificada pela expressão da ciclina D1.
– Os marcadores de função renal também podem se encontrar alterados.
O mieloma múltiplo é uma doença hematológica que requer uma abordagem multidisciplinar para o diagnóstico e tratamento. Os testes laboratoriais realizados são utilizados na identificação da doença, avaliação de sua extensão e monitorização da resposta ao tratamento. Portanto, uma colaboração estreita entre médicos e analistas é fundamental para garantir o diagnóstico precoce e a gestão eficaz do mieloma múltiplo, melhorando a qualidade de vida dos pacientes afetados.
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Referências:
WALLACH, Jacques Burton. Interpretação de exames laboratoriais. 10º ed Rio De Janeiro: Editora Guanabara Koogan S.A., 2018.
Bain, Barbara J. Células sanguíneas : um guia prático [recurso eletrônico] / Barbara J. Bain ; [tradução: Renato Failace]. – 5. ed. – Porto Alegre : Artmed, 2016.
SILVA, Roberta O. Paula et al. Mieloma múltiplo: características clínicas e laboratoriais ao diagnóstico e estudo prognóstico. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, v. 31, p. 63-68, 2009.