RELAÇÃO DO CÁLCIO E FÓSFORO NO ORGANISMO
O equilíbrio entre cálcio e fósforo é essencial para a saúde óssea, função muscular e até para o sistema cardiovascular. Esses dois minerais estão intimamente relacionados, e suas concentrações séricas são controladas por mecanismos hormonais que envolvem a vitamina D, o paratormônio (PTH) e a calcitonina.
Qualquer desequilíbrio no metabolismo do cálcio tende a impactar diretamente os níveis de fósforo, e vice-versa, resultando em distúrbios metabólicos que podem comprometer a saúde óssea, a função muscular e até mesmo o sistema cardiovascular.
FUNÇÕES:
Nosso corpo armazena 98% do cálcio nos ossos, formando a hidroxiapatita – um composto que confere rigidez ao tecido ósseo e contém fósforo. O restante circula no sangue e desempenha funções vitais, como contração muscular, coagulação e transmissão nervosa.
Já o fósforo, além de estar presente nos ossos, é essencial para a produção de ATP, a principal fonte de energia celular.
ABSORÇÃO:
A absorção de cálcio e fósforo depende de fatores como pH intestinal, presença de vitamina D e ação do PTH. Além disso, componentes da dieta, como gorduras e fitatos, podem reduzir sua biodisponibilidade. Entender essa relação é essencial para prevenir doenças metabólicas e manter a homeostase mineral.
TRANSPORTE:
No organismo, o transporte do cálcio no sangue ocorre de duas principais maneiras: uma fração está ligada a proteínas plasmáticas, principalmente a albumina, enquanto a outra encontra-se na forma ionizada, combinada com o fósforo.
DISTRIBUIÇÃO:
A concentração total de cálcio no plasma, somando as duas frações, varia normalmente entre 9 e 11 mg/100 mL (4,5 a 5,5 mEq/L), sendo que aproximadamente 50% desse valor corresponde ao cálcio ionizado, que é biologicamente ativo e essencial para diversas funções celulares.
A fração ionizada do cálcio se distribui pelo fluido extracelular, a fração ligada a proteínas não atravessa livremente as membranas celulares, limitando sua disponibilidade imediata para os processos fisiológicos.
Em contrapartida, os fosfatos inorgânicos apresentam uma dinâmica distinta, com concentrações plasmáticas que variam entre 3 e 4 mg/dL em adultos e entre 4,5 e 6,5 mg/dL em crianças. Diferente do cálcio, o fósforo está predominantemente presente no meio intracelular, onde desempenha funções fundamentais, como a participação na síntese de ATP.
MECANISMOS DE REGULAÇÃO:
A regulação dos níveis de cálcio e fósforo no organismo é controlada principalmente pelo hormônio paratireóideo (PTH), a calcitonina e a vitamina D. Quando os níveis de cálcio no sangue diminuem, o PTH é liberado, promovendo a mobilização do cálcio dos ossos, aumentando sua absorção intestinal e reduzindo sua excreção renal.
Por outro lado, quando o cálcio sérico está elevado, a calcitonina é secretada, favorecendo o depósito ósseo e reduzindo sua concentração no plasma. A vitamina D também desempenha um papel essencial na absorção intestinal desses minerais e sua deficiência pode levar à ativação compensatória da glândula paratireóide.
Como ambos compartilham mecanismos de controle, os níveis séricos de cálcio e fósforo apresentam uma relação inversa no organismo.
IMPORTÂNCIA CLÍNICA:
- Aumento do Cálcio
A elevação dos níveis de cálcio no sangue (hipercalcemia) pode ocorrer em diversas condições clínicas. Entre as principais causas estão o hiperparatireoidismo primário e secundário, neoplasias com envolvimento ósseo, como tumores de mama, pulmão, rim, próstata e mieloma múltiplo. Além disso, certos tumores podem causar hipercalcemia mesmo sem afetar os ossos. Doenças como sarcoidose e alguns linfomas também podem induzir esse quadro. Outras condições associadas incluem tireotoxicose, acromegalia, intoxicação por vitamina D, uso excessivo de antiácidos e a fase diurética da necrose tubular renal aguda.
- Diminuição do Cálcio
A hipocalcemia, caracterizada por baixos níveis de cálcio no sangue, está relacionada a diversas condições metabólicas e doenças. Suas principais causas incluem hipoparatireoidismo primário ou pós-cirúrgico, pseudo-hipoparatireoidismo, deficiência de vitamina D e insuficiência renal crônica. Além disso, pode ser observada em casos de pancreatite aguda, hipofunção hipofisária, acidose crônica e hipoalbuminemia, uma vez que grande parte do cálcio circulante está ligado à albumina.
- Aumento do Fósforo:
A elevação do fósforo no sangue, ou hiperfosfatemia, está geralmente associada à diminuição dos níveis de cálcio, uma vez que ambos possuem uma relação inversa. Suas principais causas incluem a redução da excreção renal de fosfato, como ocorre na insuficiência renal crônica, hipoparatireoidismo, acromegalia e durante a hemodiálise. Além disso, o aumento da ingestão ou administração de fosfato, seja por medicação parenteral, laxantes, hipervitaminose D. Outras condições relacionadas incluem endocrinopatias, aumento do catabolismo e paraproteinemias.
- Diminuição do Fósforo:
A hipofosfatemia ocorre devido ao deslocamento do fósforo do líquido extracelular para o meio intracelular ou ósseo, além da redução da absorção renal e intestinal do mineral. Esse quadro pode ser desencadeado pelo uso de certos fármacos, como calcitonina, catecolaminas e diuréticos, que interferem na regulação do fósforo. A diminuição da absorção intestinal também pode ser um fator determinante.
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Referências:
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